Um repórter do jornal americano The Wall Street Journal foi expulso da China após publicar reportagem sobre um dos primos do dirigente chinês, Xi Jinping.
De acordo com a apuração, autoridades australianas têm investigado o familiar de Xi por crime organizado, lavagem de dinheiro e suposto tráfico de influência na China.
O visto de trabalho do jornalista Chun Han Wong, que estava baseado em Pequim e era um dos autores da reportagem, expirou na sexta-feira (23). Wong é cidadão de Singapura, mas reporta ao The Wall Street Journal da capital chinesa desde 2014.
Estrangeiros não podem trabalhar como jornalistas no país sem credenciais oficiais, necessárias para obter um visto de residência. A maioria dos vistos para os profissionais da imprensa é válida por um ano.
"Nos opomos resolutamente a ataques maliciosos e difamatórios à China por repórteres estrangeiros e esse tipo de jornalista não é bem-vindo", respondeu o ministério das Relações Exteriores chinês ao ser questionado sobre o caso.
O editor-chefe do jornal, Matt Murray, lamentou o episódio. "Nosso jornalismo tem sido justo e preciso. Continuaremos comprometidos em cobrir a importante história da China com os altos padrões usuais que nossos leitores esperam."
O Clube dos Correspondentes Estrangeiros da China (FCCC, na sigla em inglês) condenou a medida, afirmando que as expulsões de jornalistas do país representam uma tentativa extrema de punir organizações de notícias que realizam trabalhos factuais.
"Correspondentes estrangeiros não são trabalhadores de propaganda e não devem ser tratados como tal", diz a organização.
A produção de reportagens sobre líderes chineses ou suas famílias é uma atividade delicada na China, onde o Partido Comunista administra sua imagem com cuidado.
Em 2012, após a publicação de histórias sobre a riqueza de familiares do ex-primeiro-ministro chinês Wen Jiabao e de Xi Jinping, nem o New York Times nem a Bloomberg News receberam novos vistos para jornalistas por mais de um ano.
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