China faz exercícios militares em estádio perto da fronteira com Hong Kong

Pequim reforça pressão contra ativistas; Trump pede que Xi Jinping dialogue com manifestantes

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Hong Kong | Reuters e AFP

A China fez uma exibição de seu poder militar nesta quinta-feira (15) em Shenzhen, cidade próxima à fronteira com Hong Kong, em meio à escalada da crise devido às manifestações contra o governo na região semi-autônoma.

Centenas de agentes da PAP (Polícia Armada do Povo) realizaram exercícios em um estádio. Do lado de fora, ficaram estacionados dezenas de caminhões e blindados.

Veículos militares chineses do lado de fora de estádio de Shenzhen - Thomas Peter/Reuters

Após dois meses de protestos em Hong Kong que começaram contra um projeto de lei de extradição e passaram a abarcar diversas demandas por mais democracia, Pequim deu a entender nos últimos dias que poderá empregar a força para restabelecer a ordem na ex-colônia britânica. Há previsão de novas manifestações no fim de semana. 

O embaixador chinês em Londres, Liu Xiaoming, afirmou que "se a situação continuar piorando, e os distúrbios se tornarem incontroláveis para o governo de Hong Kong, o governo central não ficará de braços cruzados".

O diplomata alertou que Pequim tem "recursos e poder suficientes para reprimir os distúrbios rapidamente".

"Insisto que Hong Kong faz parte da China. Nenhum país estrangeiro deve interferir (...) Pedimos às potências estrangeiras que respeitem a soberania chinesa", completou o embaixador.

Trump sugere conversa presencial

O presidente americano, Donald Trump, afirmou nesta quinta que uma reunião entre o líder chinês, Xi Jinping, e ativistas pró-democracia em Hong Kong poderia levar a situação a um final feliz. 

"Se o presidente Xi se reunisse diretamente e pessoalmente com os manifestantes, haveria um final feliz e promissor para o problema de Hong Kong. Não tenho dúvidas!", tuitou Trump.

Já o assessor de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, advertiu a China para não criar uma "nova Tiananmen", em alusão à violenta repressão de manifestantes na praça da Paz Celestial, em Pequim, há 30 anos.

"Os chineses têm que olhar com muito cuidado os passos que tomam porque as pessoas nos Estados Unidos lembram da Praça da Paz Celestial, lembram da imagem do homem parado em frente à fila de tanques", disse Bolton em entrevista à VOA News. 

​Trump pareceu vincular um eventual acordo comercial com Pequim a uma resolução "humana" do conflito em Hong Kong. "Milhões de empregos estão sendo perdidos na China para países sem tarifas. Milhares de empresas estão indo embora. Com certeza, a China quer alcançar um acordo. Deixem que trabalhem humanamente com Hong Kong primeiro!", escreveu o presidente no Twitter.

Nos Estados Unidos, as críticas aumentam contra Trump por sua aparente indulgência a respeito de Pequim, com quem Washington está envolvido em importantes e árduas negociações comerciais.

Na quarta-feira, um porta-voz do Departamento de Estado citou a preocupação com a "erosão contínua" da autonomia de Hong Kong e manifestou apoio firme aos direitos de liberdade de expressão e de reunião pacífica na ex-colônia britânica.

Escalada de violência

Na terça-feira, os manifestantes agrediram dois cidadãos da China continental durante um grande protesto no aeroporto da cidade, que suspendeu os voos na segunda (12) e terça-feira (13). Os ativistas pediram desculpas pelos excessos

"Condenamos com veemência atos de categoria terrorista", afirmou em um comunicado o porta-voz do Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau do governo chinês, Xu Luying.

Com as acusações, Pequim associou as ações dos manifestantes pró-democracia a "terrorismo" pela segunda vez. O tom mais duro provoca o temor de uma repressão militar para sufocar o movimento iniciado há dez semanas.

​A atual crise representa o maior desafio à autoridade da China sobre Hong Kong desde sua devolução pelo Reino Unido em 1997.

As manifestações, que levaram milhões de pessoas às ruas, começaram com a oposição a um projeto de lei que permitiria extradições à China. O movimento se ampliou, porém, com uma pauta de defesa das liberdades democráticas e contra a influência de Pequim no território.

Depois de expressar suas exigências de forma pacífica em um primeiro momento, na terça-feira, os ativistas adotaram técnicas mais agressivas, com barricadas organizadas com os carrinhos de bagagem para bloquear os passageiros na área de desembarque do aeroporto.

Durante a noite, a situação resultou em confrontos violentos com a polícia e brigas com passageiros desesperados para embarcar em seus voos.

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