A chanceler alemã, Angela Merkel, sugeriu na quarta-feira (21) que o Reino Unido e a União Europeia (UE) podem encontrar uma solução para o "backstop" irlandês nos próximos 30 dias.
“Foi dito que provavelmente encontraremos uma solução em dois anos. Mas também poderíamos encontrar uma nos próximos 30 dias. Por que não?", afirmou a alemã após encontro com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, para discutir o brexit.
O "backstop" é o mecanismo previsto para evitar a volta de controles alfandegários na fronteira entre Irlanda (membro da UE) e Irlanda do Norte (parte do Reino Unido).
Se uma solução para deixar a fronteira aberta não tiver sido encontrada durante a fase de transição pós-brexit (de um ano e meio), uma união aduaneira compreendendo os dois lados seria estabelecida em caráter temporário.
Boris quer remover o "backstop" do acordo, porque exigiria do Reino Unido o cumprimento de regras da UE caso não haja outra maneira de manter a fronteira terrestre aberta entre a Irlanda do Norte e os países do bloco.
Na entrevista coletiva desta quarta, Boris disse a Merkel que o Reino Unido deseja um acordo rápido com a UE, mas que a "barreira antidemocrática", como ele chamou o "backstop", deveria ser totalmente removida para evitar uma saída sem negociação até o dia 31 de outubro, atual data-limite para o brexit.
“Precisamos que o 'backstop' seja removido”, disse o britânico. "Se pudermos fazer isso, estou absolutamente certo de que poderemos avançar juntos."
A chanceler, então, destacou que o principal objetivo ao ouvir as propostas do Reino Unido é preservar a integridade do mercado único.
"Assim como conseguimos discutir e resolver problemas dentro da União Europeia usando a imaginação, acredito que você também possa encontrar um caminho. Esta será a tarefa", disse Merkel a Boris.
No domingo (18), a chanceler afirmou que a Alemanha está preparada para qualquer desfecho do brexit, seja por um acordo de transição entre Reino Unido e União Europeia, seja com a saída abrupta do segundo maior país do bloco.
Enquanto Merkel se mostrou otimista, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta quarta-feira que as exigências feitas pelo primeiro-ministro britânico eram inviáveis.
“Os custos de um brexit duro para o Reino Unido, que será a principal vítima, será compensado pelos Estados Unidos? Não. E, mesmo que fosse uma escolha estratégica, seria à custa de uma vassalagem histórica do Reino Unido”, disse.
O francês também afirmou não ver razão para uma nova prorrogação do brexit caso não haja acordo, a não ser que aconteça uma mudança política relevante ou novo referendo.
"O ponto não pode ser sair da Europa e dizer 'nós seremos mais fortes', se, no final, [o Reino Unido] se tornará um parceiro júnior dos Estados Unidos, que estão agindo, cada vez mais, de forma hegemônica."
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