Descrição de chapéu The New York Times

Como funciona o esquema mundial que fortalece a direita radical na internet

Influência estrangeira impulsiona sites nacionalistas da Suécia

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Jo Becker
Rinkeby (Suécia) | The New York Times

Johnny Castillo, um vigilante de rua nascido no Peru que vive neste distrito de Estocolmo, ainda está intrigado com os estranhos acontecimentos de dois anos atrás, que transformaram a praça central dessa comunidade de maioria imigrante em um símbolo do multiculturalismo enlouquecido.

Primeiro foi o comentário agora infame do presidente Donald Trump, sugerindo que a história da Suécia de receber refugiados estava na origem de um violento ataque cometido em Rinkeby na noite anterior, embora nada realmente tivesse acontecido.

A police station under construction in the Rinkeby district of Stockholm, Sweden, Aug. 7, 2019. Today, more than 91 percent of Rinkeby?s residents are immigrants or their children, but it is hardly the hellscape that nationalists bent on painting Sweden as a failed state hold it out to be. (Loulou d'Aki/The New York Times)
Delegacia de polícia em construção em Rinkeby, um distrito de Estocolmo no qual mais de 91% dos habitantes são imigrantes - Loulou d'Aki/The New York Times

"Vejam o que está acontecendo ontem à noite [sic] na Suécia. Suécia! Quem acreditaria nisso? Suécia!", disse Trump a seus apoiadores em um comício em 18 de fevereiro de 2017. "Eles receberam grandes números. Eles estão tendo problemas que nunca pensaram ser possíveis."

A fonte do presidente foi a rede de TV Fox News, que havia extraído um trecho de um curta-metragem promovendo uma visão distópica da Suécia como vítima de suas políticas de asilo, com bairros de imigrantes transformados em "zonas proibidas" pela criminalidade.

Dois dias depois, quando as autoridades suecas colecionavam piadas depreciativas sobre Trump, algo realmente aconteceu em Rinkeby: várias dezenas de homens mascarados atacaram policiais que faziam uma detenção por drogas, atiraram pedras e incendiaram carros.

Foi exatamente nessa época, segundo Castillo e outras quatro testemunhas, que equipes de televisão russas apareceram, oferecendo-se para pagar a jovens imigrantes "para causar problemas" diante das câmeras.

"Eles queriam mostrar que o presidente Trump está certo sobre a Suécia", disse Castillo, "que as pessoas que vêm para a Europa são terroristas e querem perturbar a sociedade."

Essa retórica nativista —de que imigrantes estão invadindo a pátria— ganhou cada vez mais força e aceitação política em todo o Ocidente, em meio a deslocamentos causados por grandes ondas de migração do Oriente Médio, da África e da América Latina. Em sua forma mais extrema, isso é repetido no manifesto online do homem acusado de matar 22 pessoas no último dia 3 em El Paso, no Texas.

Nas mensagens dos nacionalistas, a Suécia tornou-se uma importante história de advertência, cheia de escândalos. O que é ainda mais impressionante é a quantidade de pessoas na Suécia —país progressista, igualitário e acolhedor— que parecem estar aceitando a visão dos nacionalistas: a imigração trouxe o crime, o caos e o desgaste da rede de segurança social, sem mencionar a destruição da cultura e tradição nacionais.

Alimentado pela reação à imigração —a Suécia aceitou mais refugiados per capita do que qualquer outro país europeu— , o populismo de direita tomou conta, refletindo-se de forma mais destacada na constante ascensão de um partido político com raízes neonazistas, os Democratas da Suécia. Nas eleições do ano passado, eles conseguiram quase 18% dos votos.

Escavando abaixo da superfície do que acontece na Suécia, entretanto, descobre-se o motor de uma máquina internacional de desinformação, dedicada ao cultivo, provocação e ampliação de paixões e forças políticas de extrema-direita, avessas à imigração.

De fato, essa máquina, mais influentemente enraizada na Rússia de Vladimir Putin e na extrema-direita americana, ressalta uma ironia fundamental deste momento político: a globalização do nacionalismo.

O alvo central dessas manipulações do exterior —e o principal instrumento do sucesso dos nacionalistas suecos— é a câmara de eco digital do país, cada vez mais popular e virulentamente anti-imigrante.

Uma análise feita pelo The New York Times do conteúdo, do pessoal e dos padrões de tráfego ilustra como os atores estrangeiros, estatais ou não, ajudaram a dar um impulso viral a um punhado de sites de extrema-direita suecos.

Entidades russas e ocidentais que trafegam na desinformação, incluindo um grupo de pensadores islamófobo cujo ex-presidente é hoje o assessor de segurança nacional de Trump, têm sido cruciais para os sites suecos, ajudando a espalhar sua mensagem para cidadãos suscetíveis.

A visão distorcida da Suécia promovida por essa máquina de desinformação tem sido usada, por sua vez, por partidos anti-imigrantes no Reino Unido, na Alemanha, na Itália e em outros lugares, para estimular a xenofobia e gerar votos, segundo o grupo londrino sem fins lucrativos Instituto para o Diálogo Estratégico, que acompanha a disseminação do radicalismo de direita na internet.

"Eu colocaria a Suécia lá em cima com a campanha anti-Soros", disse Chloe Colliver, pesquisadora do instituto, referindo-se aos ataques antissemitas a George Soros, o bilionário benfeitor de causas liberais. "Tornou-se uma peça central constante no discurso da extrema-direita."

Praça em Rinkeby onde testemunhas afirmam que jornalistas russos tentaram subornar jovens imigrantes para que cometessem atos de vandalismo para as suas câmeras - Loulou d'Aki/The New York Times

Das margens para o 'mainstream'

Mattias Karlsson, secretário internacional e principal ideólogo dos Democratas da Suécia, gosta de contar a história de como se tornou um soldado no que descreveu como "a batalha existencial pela sobrevivência da nossa cultura e da nossa nação".

Foi em meados da década de 1990, e Karlsson, hoje com 41 anos, frequentava o ensino médio na cidade de Vaxjo, no sul do país. A Suécia estava aceitando um número recorde de refugiados da guerra dos Bálcãs e de outros conflitos. Em Vaxjo e em outros lugares, jovens imigrantes começaram a juntar-se a gangues "kicker", radicalizando Karlsson e atraindo-o para a cena "skinhead" local.

Ele passou a usar uma jaqueta de couro com a bandeira sueca nas costas e logo foi apresentado a Mats Nilsson, líder nacional socialista sueco que lhe deu uma cópia do livro de Adolf Hitler, "Mein Kampf".

Eles começaram a debater: Nilsson argumentou que o objetivo deveria ser a pureza étnica —a preservação do "DNA sueco". Karlsson respondeu que o foco deveria ser preservar a cultura e a identidade nacionais. Foi aí, segundo ele, que Nilsson lhe deu o epíteto de compromisso insuficiente com a causa —"patriota almôndega", significando que ele "pensava que todo africano ou árabe pode vir para este país, desde que se assimile e coma almôndegas".

É um relato que oferece a explicação mais benigna para uma associação odiosa. Seja qual for o caso, em 1999 ele se juntou aos Democratas da Suécia, partido inegavelmente enraizado no movimento neonazista do país. De fato, os estudiosos da extrema-direita dizem que é isso que o diferencia da maioria dos partidos anti-imigração na Europa e torna notável sua ascensão de marginalizado para corrente dominante.

Quando estudava na universidade, Karlsson conheceu Jimmie Akesson, que assumiu a ala jovem dos Democratas da Suécia em 2000 e se tornou líder do partido em 2005. Akesson deixou clara sua crença de que os refugiados muçulmanos representavam "a maior ameaça externa à Suécia desde a Segunda Guerra Mundial". Mas, para justificar esse argumento, segundo ele e Karlsson concordaram, precisavam refazer a imagem do partido.

"Precisávamos realmente abordar nosso passado", disse Karlsson.

Eles expurgaram os neonazistas que haviam sido denunciados pela imprensa. Anunciaram uma política de tolerância zero em relação à xenofobia e ao racismo radicais, enfatizaram sua liderança juvenil e pediram aos membros que se vestissem de maneira apresentável. Enquanto a imigração permanecia no centro de sua plataforma, eles moderavam a maneira como falavam a respeito.

Até que ponto a transformação do grupo é apenas de fachada é uma questão em aberto.

Mattias Karlsson, secretário internacional e principal ideólogo dos Democratas da Suécia - Loulou d'Aki/The New York Times

As dúvidas foram destacadas no que ficou conhecido como "o escândalo do cano de ferro" em 2012. Um vídeo vazado mostrou dois deputados democratas da Suécia e o candidato do partido a ministro da Justiça desferindo insultos racistas contra um comediante de ascendência curda, e depois ameaçando uma testemunha embriagada com canos de ferro.

Sob Akesson e Karlsson, o partido recebeu o nacionalista americano branco Richard Spencer. Autoridades do alto escalão do partido iam e vinham entre a Suécia e a Hungria, governada pelo primeiro-ministro nacionalista autoritário Viktor Orban.

O próprio Karlsson foi criticado por chamar um site extremista de neofascista, enquanto usava um apelido para recomendar aos partidários postagens "dignas de ser lidas".

"Há um rosto público e o rosto que eles usam atrás de portas fechadas", disse Daniel Poohl, diretor da Expo, fundação de Estocolmo que denuncia o extremismo de direita.

Ainda assim, até mesmo detratores admitem que a estratégia funcionou. Em 2010, os Democratas da Suécia captaram 5,7% dos votos, o suficiente para o partido, e Karlsson, entrarem no Parlamento pela primeira vez. Essa parcela tem aumentado constantemente, junto com a crescente população de refugiados. (Hoje, cerca de 20% da população da Suécia são nascidos no exterior.)

No seu apogeu em 2015, a Suécia aceitou 163 mil requerentes de asilo, a maioria do Afeganistão, da Somália e da Síria. Embora os controles fronteiriços e as regras mais rígidas tenham diminuído esse fluxo, Ardalan Shekarabi, ministro da Administração Pública do país, reconheceu que seu governo demorou a agir.

Shekarabi, um imigrante iraniano, disse que o grande número de refugiados havia superado os esforços do governo para integrá-los.

"Eu absolutamente não acho que a maioria dos suecos tenha opiniões racistas ou xenófobas, mas eles tinham dúvidas sobre essa política de migração, e os outros partidos não tinham nenhuma resposta", disse ele. "Esta é uma das razões pelas quais os Democratas suecos tinham uma boa tese."

Câmara de eco da direita

Com a aproximação das eleições de 2018, a contra-inteligência sueca estava em alerta máximo para a interferência estrangeira. A Rússia, o grande vizinho do leste, era vista como a principal ameaça. Depois da intromissão do Kremlin nas eleições de 2016 nos Estados Unidos, a Suécia tinha motivos para temer que pudesse ser a próxima.

"O objetivo da Rússia é enfraquecer os países ocidentais polarizando o debate", disse Daniel Stenling, chefe de contra-inteligência do Serviço de Segurança Sueco. "Nos últimos cinco anos, houve um trabalho de inteligência cada vez mais agressivo contra nosso país."

Mas, como se viu, não houve hackeamento e divulgação de documentos de campanhas internas, como nos Estados Unidos. Tampouco houve um esforço evidente para influenciar a eleição a favor dos Democratas da Suécia, talvez porque o partido, de acordo com a opinião pública local, tenha se tornado mais crítico do Kremlin do que alguns de seus colegas europeus de extrema-direita.

Em vez disso, segundo autoridades de segurança, a campanha de influência estrangeira assumiu uma forma diferente e mais sutil: ajudar a nutrir o ecossistema digital de extrema-direita em rápida evolução da Suécia.

Durante anos, os Democratas da Suécia se esforçaram para apresentar seu caso ao público. Muitos meios de comunicação da corrente dominante recusaram seus anúncios. O partido até teve dificuldade para conseguir que o correio entregasse suas malas-diretas. Por isso, construiu uma rede de páginas fechadas no Facebook cujo alcance acabaria por ultrapassar o de qualquer outro partido.

Para prosperar no sentido viral, entretanto, essa rede exigia um conteúdo novo e sedutor. Ela se baseou em uma série de sites relativamente novos, cuja popularidade estava explodindo.

Membros dos Democratas da Suécia ajudaram a criar dois deles: Samhallsnytt (Notícias da Sociedade) e Nyheter Idag (Notícias Hoje). No ano eleitoral de 2018, eles, juntamente com um site chamado Fria Tider (Tempos Livres), estavam entre os dez sites de notícias mais compartilhados da Suécia.

A mão da Rússia em tudo isso está geralmente oculta. Mas as impressões digitais são abundantes.

Por exemplo, um colaborador do Samhallsnytt que já havia trabalhado para os Democratas da Suécia recentemente teve recusada a credencial de imprensa para o Parlamento depois que a polícia de segurança determinou que ele tinha estado em contato com a inteligência russa.

O Fria Tider é considerado não apenas um dos sites mais radicais, como também está entre os mais amigáveis ao Kremlin. Frequentemente troca material com a agência de propaganda russa Sputnik.

O site está ligado, através de registros de propriedade de domínio, à Granskning Sverige, chamada de "fábrica de trolls" sueca por seus esforços para envolver e envergonhar os jornalistas tradicionais. Entre seus alvos frequentes estão jornalistas que escrevem negativamente sobre a Rússia.

"Tivemos ameaças de morte, ataques de spam, e-mails —este ano foi totalmente louco", disse Eva Burman, editora do Eskilstuna-Kuriren, jornal que se viu na mira depois de criticar a anexação da Crimeia pela Rússia e investigar o Granskning Sverige.

Na revista Nya Tider, o editor, Vavra Suk, viajou para Moscou como observador eleitoral e para a Síria, onde produziu relatos da guerra civil amigáveis ao Kremlin. O Nya Tider publicou trabalho de Alexander Dugin, filósofo russo ultranacionalista que foi chamado de "Rasputin de Putin"; os escritos de Suk para o grupo de Dugin incluem um intitulado "Donald Trump pode tornar a Europa ótima novamente".

Os colaboradores do Nya Tider incluem Manuel Ochsenreiter, editor do jornal alemão de extrema-direita Zuerst!. Ochsenreiter —que tem aparecido regularmente na RT, canal de propaganda do Kremlin—  trabalhou até recentemente para Markus Frohnmaier, membro do Parlamento alemão representando a extrema-direita do partido Alternativa para a Alemanha (AfD).

Documentos vazados para um consórcio de meios de comunicação europeus —documentos que Frohnmaier chamou de falsos—  sugeriram que Moscou ajudou em sua campanha eleitoral para ter um "deputado absolutamente controlado".

Ochsenreiter, por sua vez, foi implicado pela Justiça polonesa no financiamento de um atentado de 2018 contra um centro cultural húngaro na Ucrânia. A trama, de acordo com depoimentos de um extremista polonês encarregado de executá-la, foi projetada para atribuir responsabilidade aos nacionalistas ucranianos e alimentar as tensões étnicas, em benefício da Rússia.

Ochsenreiter não foi acusado na Polônia, mas promotores em Berlim disseram que iniciaram uma investigação preliminar. Ele negou seu envolvimento.

Suk se recusou a comentar.

Há ainda o Nyheter Idag. Seu fundador, Chang Frick —um ex-dirigente do partido Democratas da Suécia que demonstra grande alegria ao desafiar a ortodoxia—, prontamente admite ser um colaborador pago da RT. Em uma pizzaria perto de sua casa, ele comentou que sua namorada é russa e, com um floreio, mostrou um chumaço de rublos de uma viagem recente.

"Aqui está meu verdadeiro chefe! É Putin!", ele riu.

Há outro curioso denominador comum russo: seis dos sites de direita alternativa da Suécia atraíram receitas publicitárias de uma rede de lojas online de autopeças com sede na Alemanha e pertencente a quatro empresários da Rússia e da Ucrânia, três dos quais adotaram sobrenomes alemães.

Os anúncios foram notados pela primeira vez pelo jornal sueco Dagens Nyheter, que descobriu que, embora parecessem ser de diversos pontos de venda, todos remontavam ao mesmo endereço em Berlim e eram propriedade de uma empresa controladora, a Autodoc GmbH.

Família da Somália passeia pelo distrito de Rinkeby, em Estocolmo - Loulou d'Aki/The New York Times

O Times descobriu que a empresa também havia colocado anúncios em sites antissemitas e outros extremistas na Alemanha, Hungria, Áustria e outros lugares da Europa.

O que levantou uma questão: o revendedor de autopeças estava simplesmente tentando atrair negócios, ou também estava apoiando a causa da extrema-direita?

Rikard Lindholm, cofundador de uma empresa de marketing orientada por dados que trabalhou com autoridades suecas para combater a desinformação, aprofundou-se na rede da Autodoc.

Oculto por baixo da interface amigável de alguns dos primeiros sites da Autodoc está o que Lindholm, especialista em análise forense do tráfego online, descreveu como "icebergs" de conteúdo completamente diferente de autopeças, traduzido em vários idiomas. Um visitante de um dos sites de peças automotivas não podia simplesmente acessar esse conteúdo a partir da home page; em vez disso, era preciso conhecer e digitar o URL completo.

Thomas Casper, porta-voz da Autodoc, disse que a empresa não tem "nenhum interesse em apoiar a mídia de direita alternativa", e acrescentou: "Nós nos opomos veementemente ao racismo e aos princípios da extrema-direita".

Ele disse que a equipe de publicidade digital da empresa trabalhou com terceiros para colocar anúncios em "sites confiáveis com tráfego substancial". A Autodoc, afirmou, instituiu controles para tentar garantir que não anunciasse mais em sites de extrema-direita.

Quanto aos icebergs, depois de receber as indagações do Times, a empresa removeu o que Casper chamou de "conteúdo obviamente duvidoso e ultrapassado". Ele havia sido originalmente colocado lá, segundo ele, para melhorar a otimização do mecanismo de busca.

Mas Lindholm disse que isso não fazia sentido. "Ao vincular a um conteúdo irrelevante, realmente prejudica seus negócios porque o Google desaprova isso", disse ele.

Links no exterior

Outra maneira de ver o interior do crescimento explosivo dos canais de direita alternativa da Suécia é ver quem tem links para eles. Quanto mais links, especialmente de canais de grande tráfego, é mais provável que o Google classifique os sites como confiáveis. Isso, por sua vez, significa que os suecos são mais propensos a vê-los quando buscam, digamos, "imigração e crime".

O Times analisou mais de 12 milhões de links disponíveis de mais de 18 mil domínios para quatro importantes sites de extrema-direita —Nyheter Idag, Samhallsnytt, Fria Tider e Nya Tider. Os dados foram selecionados por Lindholm a partir de duas ferramentas de otimização de mecanismo de pesquisa e representam um instantâneo de todos os links conhecidos até 2 de julho.

Como esperado, dada a relativa escassez de falantes suecos em todo o mundo, a maioria dos links veio de sites em língua sueca.

Mas a análise revelou um número surpreendente de links de sites em língua estrangeira bem trafegados — o que sugere que o rápido crescimento dos sites suecos foi gerado de forma significativa no exterior.

O Times identificou 356 domínios ligados aos quatro sites suecos.

Muitos são bem conhecidos nos círculos americanos de extrema-direita. Entre eles está o Gatestone Institute, grupo de pensadores cujo site regularmente instiga os temores sobre muçulmanos nos Estados Unidos e na Europa. Seu presidente até o ano passado foi John Bolton, hoje assessor de segurança nacional de Trump, e seus financiadores incluíram Rebekah Mercer, uma rica defensora de Trump.

Outros domínios ligados aos quatro sites suecos incluíam Stormfront, um dos maiores e mais antigos sites de supremacia branca americana; Voz da Europa, site de direita amigo do Kremlin; um blog em russo chamado Sweden4Rus.nu; e FreieWelt.net, site de apoio à AfD na Alemanha.

Construindo uma coalizão

Em fevereiro, Karlsson, dos Democratas Suecos, entrou em um hotel na área de Washington onde líderes das direitas americana e europeia se reuniam na Conferência Anual de Ação Política Conservadora. Quando ele se acomodou no bar do saguão, endireitando o terno azul-marinho, estava claramente muito à vontade.

Na conferência —onde o treinamento político em estilo acampamento militar se misturava a discursos de luminares como Trump e o líder populista britânico Nigel Farage—, Karlsson esperava aprender sobre a infraestrutura do movimento conservador americano, particularmente seu financiamento e o uso da mídia e de grupos de pensadores para ampliar seu apelo.

Mas, em uma medida de como o nacionalismo e o conservadorismo se fundiram na Washington de Trump, muitos americanos com os quais ele queria se relacionar estavam igualmente ansiosos para interagir com ele.

Karlsson tinha vindo do Colorado, onde fizera um discurso no Steamboat Institute, um centro de estudos conservador. Naquela manhã, Tobias Andersson, 23, o mais jovem deputado dos Democratas da Suécia e colaborador do site americano de direita Breitbart, havia falado para os Americanos pela Reforma Tributária, um bastião da ortodoxia dos cortes de impostos.

Agora, eles se viram cercados por admiradores como Matthew Hurtt, diretor de relações exteriores da Americanos pela Prosperidade, parte da operação política dos irmãos Koch, e Matthew Tyrmand, membro da diretoria do Project Veritas, grupo conservador que usa filmagens secretas para atingir seus alvos.

Tyrmand, que também é assessor de um senador do partido polonês anti-imigração Lei e Justiça, no governo, estava particularmente ansioso. "Você está recuperando o seu país!", exclamou ele.

Karlsson sorriu.

Niclas Andersson, chefe de polícia do distrito de Rinkeby, em Estocolmo - Loulou d'Aki/The New York Times

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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