Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

Converso até com a Folha, quem dirá com o futuro presidente da Argentina, diz Bolsonaro

Brasileiro, porém, afirma que pedido de diálogo deve partir do argentino

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Brasília

Defensor da reeleição de Mauricio Macri na Argentina, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que manterá o diálogo com Alberto Fernández caso ele vença a disputa presidencial em outubro.

"Eu converso até com a Folha de S.Paulo, quem dirá com o futuro presidente da Argentina", afirmou o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta sexta-feira (16).

Embora tenha dito que manterá o diálogo com o país vizinho mesmo se uma aliança de esquerda vencer as eleições presidenciais, Bolsonaro disse que não partirá dele a aproximação. 

"Estamos dispostos. Ele que vai ter que dar um sinal. Quando eu tomei posse, falei que ia manter a democracia, a liberdade, abrir o mercado, respeitar as religiões. É o que eu estou fazendo", afirmou. 

O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia de entrega de medalhas do Mérito Mauá, no Clube Naval, em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia de entrega de medalhas do Mérito Mauá, no Clube Naval, em Brasília - Pedro Ladeira - 15.ago.19/Folhapress

Na Argentina, a chapa de oposição liderada por Alberto Fernández, que tem a ex-mandatária Cristina Kirchner como vice, venceu com vantagem de 15 pontos as primárias presidenciais no domingo (11). A eleição ocorre em 27 de outubro.

Caso os números se repitam no pleito de fato, Fernández seria eleito em primeiro turno —para isso, ele precisa ter mais de 45% dos votos ou mais de 40% e no mínimo 10 pontos percentuais de vantagem para o segundo colocado. 

As chamadas "paso" (primárias abertas, simultâneas e obrigatórias) foram criadas em 2009, com a intenção de diminuir o número de candidaturas que concorriam na eleição. Como neste ano não havia disputas internas nos partidos para serem resolvidas, as primárias funcionaram como uma pesquisa de quanto apoio cada candidato tem.

O cenário provocou uma disparada do dólar alta dos juros e queda da Bolsa. 

Bolsonaro tem feito duras críticas à possibilidade do retorno do kirchnerismo à Casa Rosada. Ele tem comparado a situação à da Venezuela e sugerido que haverá uma onda migratória de argentinos para o Sul do Brasil caso a chapa opositora vença a disputa

Fernández, por sua vez, em entrevista ao programa de TV Corea del Centro um dia após a vitória nas primárias argentinas, disse que o presidente brasileiro é um "um racista, um misógino e um violento que é a favor da tortura". E acrescentou: "que alguém assim fale mal de mim é algo que eu celebro".

Nesta sexta, Bolsonaro voltou ainda a falar sobre a permanência do Brasil no Mercosul em caso de vitória de Fernández. Bolsonaro lembrou que o kirchnerista já visitou Lula em Curitiba e que afirmou ser uma injustiça a situação do ex-presidente brasileiro.

"Ele [também] já falou que quer rever o Mercosul. Então, o Paulo Guedes, perfeitamente afinado comigo por telepatia, já falou: ‘Se criar problema, o Brasil sai do Mercosul', e está avalizado, sem problema nenhum."

Bolsonaro disse que antes de vencer as eleições, em outubro de 2018, tinha uma visão de que o Brasil deveria deixar o bloco comercial, mas que seu governo já afastou sua principal preocupação: o viés ideológico. 

"Durante a campanha, eu falava para o Paulo Guedes do viés ideológico, e o meu sentimento era de que tinha que acabar com o Mercosul. Lógico, chegamos e afastamos o viés ideológico. Temos um contato excelente com Macri, excelente com Marito [Mario Abdo Benítez, presidente do Paraguai], [com] o do Uruguai [Tabaré Vázquez]. Apesar de ser um pouco da esquerda, deu para conversar tranquilo, numa boa."

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