Um egípcio suspeito de ter ligação com a rede terrorista islâmica Al Qaeda e procurado pelo governo dos Estados Unidos está vivendo no Brasil, divulgou na noite desta segunda-feira (12) o FBI (a polícia federal americana).
A informação foi confirmada conjuntamente pelos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores do Brasil.
De acordo com uma nota divulgada pelas assessorias dos ministros Sergio Moro e Ernesto Araújo, o egípcio Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, 42, entrou na lista de pessoas procuradas pelos Estados Unidos para interrogatório.
Segundo informações do governo brasileiro, o estrangeiro "ingressou no Brasil em 2018 e obteve autorização de residência, encontrando-se em condição migratório regular". Não há informações sobre em que região do país ele vive.
Um anúncio feito pelo FBI e divulgado pelo ministério da Justiça diz que o suspeito deve ser considerado "armado e perigoso".
O cartaz de "procura-se" divulgado pelo FBI também informa que o suspeito tem cabelos negros, pele clara, olhos castanhos, entre 73 kg e 77 kg, entre 1,83m e 1,88m, que é magro, está em boa forma física e "usa barba aparada".
"Se você tiver qualquer informação sobre esta pessoa, por favor entre em contato com o escritório do FBI ou com a Embaixada ou Consulado dos EUA mais próximos", diz o comunicado.
Segundo a agência americana, Ibrahim tem ligação com a rede terrorista ao menos desde 2013 .
Ele é acusado de ter auxiliado no planejamento e na execução de ataques tanto contra os Estados Unidos quanto contra interesses americanos em outros países, além de oferecer apoio material para a Al Qaeda. O texto não explica de quais ataques exatamente o egípcio teria participado e nem qual teria sido seu papel nessas ações.
A Al Qaeda foi criada no final dos anos 1980 pelo saudita Osama bin Laden e durante décadas foi o grupo terrorista mais temido do planeta, principalmente por ter sido a responsável pelo 11 de setembro.
Desde a morte do fundador em 2011, porém, a rede tem perdido espaço, principalmente para o rival Estado Islâmico.
Recentemente o jornal The New York Times publicou uma reportagem que afirmava que o governo americano acredita que Hamza bin Laden, filho de Osama e seu herdeiro no comando do grupo, também foi morto.
O governo brasileiro afirma em seu comunicado que está disposto a colaborar com Washington no caso do egípcio, desde que dentro dos parâmetros estabelecidos na lei.
No final de julho, Moro assinou uma portaria, de número 666, que mudou as regras e passou a permitir a deportação sumária de estrangeiros considerados "perigosos" ou que tenham praticado ato "contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal".
Segundo o texto, ficam sujeitos a expulsão suspeitos de terrorismo, de integrar grupo criminoso organizado ou organização criminosa armada, entre outros casos.
Cabe à autoridade migratória avaliar quem se enquadra no rol de pessoas consideradas perigosas, segundo a portaria. Para isso, deve-se levar em conta, entre outras coisas, “informação de inteligência proveniente de autoridade brasileira ou estrangeira” —como é o caso das informações do FBI.
O comunicado desta segunda do Itamaraty e do Ministério da Justiça não menciona a portaria 666 e não informa se o governo brasileiro presente enquadrar Ibrahim nessas hipóteses.
Uma semana antes da publicação da portaria, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, anunciou a assinatura de um compromisso de luta contra o terrorismo na América Latina. O documento teve a participação de 21 países, incluindo o Brasil.
"Vim para dizer que estamos de volta à América Latina, e vamos ajudá-los a atacar o terrorismo", disse Pompeo na ocasião. "Os grupos terroristas estão se radicalizando e encontrando nossas vulnerabilidades. Na América Latina já foram detectados membros do Hizbullah atuando na Argentina, no Peru, no Brasil e no Paraguai", afirmou o secretário americano, sem apresentar evidências.
Em setembro de 2018 a Polícia Federal brasileira informou que prendeu em Foz do Iguaçu um homem acusado de ligação com o grupo libanês.
O Hizbullah segue a versão xiita do islamismo e é considerado próximo do Irã, sendo assim um rival da Al Qaeda, que é sunita e tem origem na Arábia Saudita e no Afeganistão.
Ambos são considerados terroristas pelos governo dos EUA, de Israel e da União Europeia, embora o Hizbullah seja reconhecido como um partido político legítimo no Líbano.
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