Após um ataque de drones nos subúrbios de Beirute no domingo (25), o presidente do Líbano, Michel Aoun, disse nesta segunda-feira (26) que o país tem o direito de se defender. Ele comparou os ataques aéreos a uma "declaração de guerra".
Os subúrbios ao sul de Beirute onde os drones caíram são dominados pelo Hizbullah, organização libanesa apoiada pelo Irã e inimiga de Israel. A milícia culpou Israel pelos ataques, mas o país não confirma ser responsável pelas ações.
Segundo especialistas da organização, um dos drones caiu e o outro explodiu no ar. O que caiu foi desmantelado e descobriu-se que carregava uma bomba de 5.5 quilos. Não houve feridos.
O Hizbullah (partido de Deus, em árabe) surgiu em 1985 como um movimento de resistência a Israel, que àquela época ocupava o sul do Líbano. A organização segue a versão xiita do islamismo e é próxima do Irã.
A milícia é considerada uma organização terrorista por EUA, Israel e União Europeia, mas é reconhecida como um partido político legítimo no Líbano.
Em um discurso no domingo (26), o líder do Hizbullah, Sayyed Hassan Nasrallah, disse que os drones abriram uma "nova fase" no conflito com Israel.
Isto porque Nasrallah o considerou o primeiro ataque israelense no Líbano desde que os dois lados travaram uma guerra de um mês, em 2006.
O conflito daquele ano matou quase 1.200 pessoas no Líbano, a maioria civis, e 158 em Israel, grande parte delas soldados.
"O que aconteceu [no fim de semana] foi semelhante a uma declaração de guerra que nos permite recorrer ao nosso direito de defender nossa soberania", afirmou o escritório do presidente libanês, aliado do Hizbullah, em uma rede social nesta segunda (26).
"Somos um povo que busca paz, não guerra, e não aceitamos que ninguém nos ameace", completou.
Aoun discutiu o que chamou de "ataque israelense" com o coordenador especial das Nações Unidas para o Líbano, Jan Kubis.
O presidente disse a Kubis que os ataques nos subúrbios de Dahyeh e no Bekaa violaram a Resolução 1.701 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que encerrou a guerra de julho de 2006.
Na terça (27), deve haver a reunião de um conselho de defesa libanês para tratar da questão.
O ministro da Energia de Israel, Yuval Steinitz, afirmou que seu país permanece vigilante sobre a possibilidade de um ataque do Hizbullah sob ordens de seu inimigo regional, o Irã.
"Sem dúvida, a situação é tensa. Não se sabe o que um novo dia trará", disse Steinitz, membro do gabinete de segurança do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em entrevista ao site de notícias da YNet, em Israel.
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, reiterou o apoio dos EUA a Israel, em conversa com Netanyahu.
Também no fim de semana, ataques aéreos israelenses mataram dois combatentes libaneses do Hizbullah na Síria, onde a organização e Teerã fornecem apoio militar a Damasco.
Netanyahu também sugeriu um possível envolvimento de Israel em ataques contra alvos ligados ao Irã no Iraque.
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