Não podemos aceitar que Macron dispare ataques descabidos à Amazônia, diz Bolsonaro

Presidente questiona interesse de europeus: 'O que eles querem lá há tanto tempo?'

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) questionou nesta segunda-feira (26) qual a motivação dos europeus em querer ajudar a região amazônica.

Embora venha argumentando que outros países queiram interferir na soberania do Brasil, o presidente celebrou a ajuda oferecida por aliados como Israel e EUA

"Macron promete ajuda de países ricos à Amazônia. Será que alguém ajuda alguém, a não ser uma pessoa pobre, né, sem retorno? O que que está de olho na Amazônia? O que que eles querem lá há tanto tempo?", questionou o presidente, ao deixar o Palácio da Alvorada. 

O presidente Jair Bolsonaro, durante cerimônia do Dia do Soldado, em Brasília
O presidente Jair Bolsonaro, durante cerimônia do Dia do Soldado, em Brasília - Adriano Machado - 23.ago.19/Reuters

Ao chegar ao Palácio do Planalto, Bolsonaro voltou a criticar o presidente francês, desta vez pelo Twitter.

"Não podemos aceitar que um presidente, Macron, dispare ataques descabidos e gratuitos à Amazônia nem que disfarce suas intenções atrás da ideia de uma 'aliança' dos países do G-7 para 'salvar' a Amazônia, como se fôssemos uma colônia ou uma terra de ninguém", escreveu nas redes sociais.

A publicação foi feita na sequência de um outro tuíte, no qual ele disse ter conversado com o presidente da Colômbia, Iván Duque, sobre uma atuação conjunta entre os países que integram a região amazônica.

"Em conversa com o presidente Iván Duque, da Colômbia, falamos da necessidade de termos um plano conjunto entre a maioria dos países que integram a Amazônia na garantia de nossa soberania e riquezas naturais", publicou.

De forma genérica, disse que outros chefes de Estado demonstraram solidariedade à crise enfrentada pelo Brasil. "Afinal, respeito à soberania de qualquer país é o mínimo que se pode esperar num mundo civilizado."

Mais cedo, o presidente francês disse esperar que os brasileiros "tenham logo um presidente que se comporte à altura do cargo" e que "é triste” ver ministros brasileiros insultarem líderes estrangeiros.

A cúpula do G7 —que reúne parte dos países mais ricos do mundo— chegou nesta segunda a um acordo para ajudar a combater as queimadas na floresta Amazônica.

Os líderes do grupo —formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido— concordaram em liberar 20 milhões de euros (cerca de R$ 91 milhões) para a Amazônia.

A maior parte do montante será usada para enviar aviões de combate a incêndios.

O G7 foi realizado em Biarritz, na França, e teve as queimadas como um dos pontos centrais de discussão. 

Bolsonaro deixou o Alvorada com um exemplar do jornal O Globo nas mãos e questionou o título da reportagem que falava na ajuda dos europeus à Amazônia.

O presidente brasileiro conversou entre sexta (23) e domingo (26) com Donald Trump e o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu. 

Israel deve enviar um avião, tropas e tecnologia para ajudar o Brasil a combater os incêndios. A ajuda americana, oferecida na sexta, ainda não foi detalhada. Na porta do Alvorada, o presidente brasileiro não quis responder sobre a ajuda de Israel. 

"Nem sobre a dona Olinda, que é minha mãe, eu vou falar aqui. Tá certo?", respondeu Bolsonaro ao dizer para jornalistas que não responderia perguntas nesta segunda-feira. 

Ele disse ter trabalhado "24 horas por dia" durante o fim de semana discutindo a crise das queimadas e ter conversado com líderes de vários países.

"Pessoas, líderes excepcionais que querem realmente colaborar com o Brasil. Não conversei com aqueles outros [não citou quais], que querem continuar nos tutelando", afirmou. 

Brasil e França vivem a mais séria crise diplomática desde a década de 1960, na opinião de diplomatas europeus e brasileiros ouvidos pela Folha.

Os desentendimentos entre os dois líderes se acirraram desde que o brasileiro ameaçou deixar o Acordo de Paris sobre o Clima e o francês reagiu prometendo barrar o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul.

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