Países da UE vão receber imigrantes de barco impedido de atracar na Itália

Navio Open Arms está parado há 14 dias próximo à ilha de Lampedusa, com 147 pessoas vindas da Líbia

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Madri e Roma | Reuters

Seis países da União Europeia se dispuseram a receber os 147 imigrantes que estão em um navio de resgate impedido de atracar na costa italiana, informou o premiê italiano, Giuseppe Conte, nesta quinta (15). São eles França, Alemanha, Romênia, Portugal, Espanha e Luxemburgo.

Os imigrantes estão no barco Open Arms (braços abertos) há 14 dias, desde que foram resgatados em alto mar, vindos da Líbia.

Parado a 8 km do porto italiano de Lampedusa, o navio não pôde atracar após proibição de emergência emitida pelo vice-presidente do governo italiano, Matteo Salvini, que adota linha dura com relação à chegada de refugiados no país.

Na quarta (14), um tribunal administrativo de Roma deu permissão para o desembarque, contrariando a proibição de Salvini, mas o navio, operado por uma instituição de caridade espanhola, segue parado até o momento.

Imagem retirada de um vídeo mostra migrantes a bordo do navio espanhol de resgate Open Arms, parado próximo à costa italiana
Imagem retirada de um vídeo mostra migrantes a bordo do navio espanhol de resgate Open Arms, parado próximo à costa italiana - Open Arms/Handout/Reuters TV

O governo da Espanha disse estar trabalhando com outros países da União Europeia e com a Comissão Europeia para encontrar uma "solução comum e ordenada" para o impasse, e estava disposto a "participar de uma distribuição equilibrada dos migrantes alojados no navio".

O impasse acontece em um momento no qual o governo italiano está prestes a desmoronar. Na sexta (9), o partido Liga, de Salvini, apresentou moção de desconfiança no Senado para derrubar o governo e convocar novas eleições.

A Liga (direita nacionalista) está no poder em uma coalizão com o Movimento 5 Estrelas (antissistema), mas Salvini alega desavenças irreconciliáveis entre as siglas.

A ministra da Defesa, Elisabetta Trenta (Movimento 5 Estrelas), recusou-se a assinar a ordem de emergência emitida por Salvini. Segundo ela, "a política não deve perder sua humanidade".

Ao ser empossado ministro do Interior em 2018, Salvini afirmou que pretendia reduzir o número dos refugiados que chegam à Itália e os recursos gastos pelo país com solicitantes de asilo.

A chegada de migrantes da Líbia caiu entre 2017 e 2018, como resultado de controversos acordos assinados pelo governo italiano com a Líbia para aumentar a patrulha costeira e impedir que os imigrantes entrassem em barcos para cruzar o Mediterrâneo.

O fundador da Open Arms, Oscar Camps, disse a repórteres na quarta-feira que a ONG pedirá evacuação médica para todos que estiverem a bordo depois que a embarcação estiver em águas italianas.

O astro de Hollywood Richard Gere visitou o Open Arms na semana passada e pediu ao governo italiano que pare de "demonizar as pessoas" e permita que o barco desembarque.

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