Para reverter o que parece irreversível, Macri quer atrair jovens e idosos

Parte da campanha contra Alberto Fernández será voltada a eleitorado para o qual voto é optativo

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Buenos Aires

Na Casa Rosada, os estrategistas da campanha de Mauricio Macri iniciaram uma corrida quase impossível em busca dos 15 pontos percentuais que distanciam o atual mandatário de seu rival na disputa pela Presidência, o kirchnerista Alberto Fernández, vencedor das primárias do último domingo (11).

Segundo a Folha apurou, um dos investimentos mais fortes dessa fase da campanha eleitoral será o de atrair eleitores que não participaram das primárias, ampliando a base total de votantes.

Nas chamadas "paso" (primárias abertas, simultâneas e obrigatórias), o comparecimento foi de 75%. Em geral, a diferença entre as primárias e o primeiro turno é de cinco pontos percentuais de votantes a mais, ou seja, espera-se que 80% do eleitorado participe do pleito em outubro.

O presidente argentino, Mauricio Macri, que concorre à reeleição - Agustin Marcarian/Reuters

Na Argentina, o voto é obrigatório, mas não há multa para quem se abstém —é preciso apenas justificar a ausência, e os prazos para esse processo são elásticos.

Os macristas querem ampliar essa porcentagem para 85%, acrescendo outros 4 milhões ao total de eleitores. Esses, somados aos possíveis apoiadores do terceiro colocado nas primárias, Roberto Lavagna, mais os de dois candidatos nanicos de direita, José Luis Espert e Juan José Gomez Centurión, poderiam formar esses 15 pontos desejados.

A primeira parte, ampliar a base eleitoral em dez pontos percentuais, é a mais difícil. Mas o presidente já começou a investir na estratégia nesta segunda-feira (13), recebendo alunos de uma escola de Rosário na Casa Rosada. "Já votaram? Quem tem mais de 16 anos?", perguntou Macri. "Precisam votar, precisamos de mais gente votando", disse aos garotos.

Na Argentina, o voto é optativo para eleitores com idades entre 16 e 18 anos e com mais de 70. Segundo institutos de pesquisa, os optativos representam uma fatia considerável dos que não participam das primárias, mas sim do primeiro turno. Assim, parte da campanha do governo agora será voltada a adolescentes e idosos.

Nos próximos dias, o governo deve anunciar um aumento do salário mínimo, hoje de 12.500 pesos (R$ 892). Ganham esse salário hoje 1,9 milhão de argentinos. O aumento deve ser de 25%, pouco acima da inflação acumulada neste ano, que já é de 22,5%.

Ou seja, corrigiria o valor conforme a inflação atual, sem prever o índice no futuro, que deve aumentar com a subida do dólar nesta semana.

A moeda americana fechou nesta terça (13) em 53 pesos (segundo o Banco Nación), mesmo valor do dia anterior, quando teve alta de 17%. A estratégia do governo, então, segue a mesma: vender reservas e subir taxas de juros, caso necessário.

Em relação à inflação, a equipe econômica começa nova rodada de conversas com empresários e comerciantes para anunciar em breve um pacote de congelamento de preços. O foco principal serão redes de supermercados e distribuidores de combustível.

Enquanto Macri apostará nos eleitores jovens e idosos, seu rival, Alberto Fernandéz, deve investir na imagem de moderado.

Ainda que tenha respondido às declarações de Jair Bolsonaro chamando-o de "racista e misógino" em um programa de TV na noite de segunda-feira (12), voltou a criticar o ditador Nicolás Maduro.

Neste ponto, Fernández difere de sua candidata a vice, Cristina Kirchner, que tem relação próxima com o venezuelano. Fernández disse que Maduro "é um líder autoritário, cujo regime é impossível de defender". "É preciso recompor a institucionalidade na Venezuela, e com Maduro não é possível."

Também declarou que o relatório elaborado pela Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, a chilena Michelle Bachelet, expõe o que é, para ele, o mais grave, na Venezuela: "as execuções extrajudiciais".

Fernández, porém, deixou claro que não defende uma solução que "envolva um conflito". "Encher a Venezuela de militares norte-americanos não vai resolver o problema."

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