Presidente do Chile vê precedente perigoso em proposta de Macron de internacionalizar Amazônia

Piñera defende que países sul-americanos busquem soluções para problemas da região

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Brasília

A escala do presidente do Chile em Brasília nesta quarta (28) foi costurada de última hora em razão da dimensão que a crise ambiental na Amazônia ganhou no cenário internacional nos últimos dias.

Segundo interlocutores que acompanham o tema, que falaram à Folha sob condição de anonimato, Sebastián Piñera considerou um precedente perigoso a proposta do presidente da França, Emmanuel Macron, de discutir um status internacional para a Amazônia. 

O chileno achou importante reforçar a mensagem de que são os países sul-americanos os que têm de buscar soluções para os problemas da região e, nesse sentido, propôs um encontro ao presidente Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro e o presidente chileno, Sebastián Piñera, em encontro em Brasília - Xinhua/Marcelo Segura/Presidencia de Chile

​Piñera avaliou que permitir um debate sobre a internacionalização da Amazônia poderia abrir as portas para questionamentos futuros em relação à autonomia de outras nações sul-americanas sobre seus territórios. 

O precedente, avaliou o mandatário, poderia afetar no futuro inclusive países que não possuem territórios na região amazônica —como é o caso do Chile.  

Quando fez a declaração sobre o status internacional da Amazônia, Macron citou outros ecossistemas. “A mesma coisa vale para aqueles [países] que têm em seus territórios glaciares ou regiões com impacto sobre o mundo inteiro”, disse o francês.

Os primeiros contatos entre autoridades brasileiras e chilenas para costurar o encontro dos dois mandatários ocorreram ainda durante o fim de semana 

Piñera estava em Biarritz, na França, como convidado da cúpula do G7. Foi justamente nesse fórum que Macron levantou o debate sobre um possível estatuto internacional da floresta amazônica. 

Nas conversas que manteve com os líderes das sete economias mais industrializadas do mundo, o presidente chileno reconheceu a necessidade de preservação da Amazônia, mas atuou como uma espécie de porta-voz dos sul-americanos: ressaltou que a soberania das nações da região precisa ser respeitada e que os países locais devem ser protagonistas na busca por soluções ao problema das queimadas.

A mensagem esteve presente na sua declaração à imprensa após a reunião com Bolsonaro na manhã desta quarta, no Palácio da Alvorada, ainda que o chileno tenha defendido a ajuda financeira internacional (inclusive a oferecida pelos países do G7) para o combate aos incêndios na região amazônica.

"A Amazônia do Brasil está sob soberania brasileira e isso tem de reconhecer e respeitar sempre. Mas é também certo que muitos países querem colaborar com um país amigo e irmão como o Brasil", disse o chileno. 

Ao final da reunião, Bolsonaro anunciou que pretende comparecer a um encontro de presidentes da região amazônica em Leticia, na Colômbia, no dia 6 de setembro. 

A reunião é uma iniciativa capitaneada pelos governos do Peru e da Colômbia.

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