Os bombardeios aéreos em Idlib, província do noroeste da Síria sob controle rebelde e jihadista, foram interrompidos neste sábado após o cessar-fogo anunciado pela Rússia, país aliado do ditador sírio Bashar al-Assad.
“Não há aviões de guerra no céu, e os ataques aéreos cessaram”, afirmou Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
Depois do início do cessar-fogo unilateral declarado às 6h, no horário local, também foram interrompidos os confrontos terrestres entre o Exército sírio e os insurgentes na parte sul de Idlib, afirmou Rahman, que no entanto citou disparos de artilharia.
Na sexta (30), o Centro Russo para a Reconciliação na Síria anunciou um cessar-fogo unilateral das tropas sírias a partir da madrugada de sábado.
O Centro Russo pediu em um comunicado “aos comandantes dos grupos armados que renunciem às provocações e se unam ao processo de solução pacífica nas zonas que controlam”. “A trégua tem por objetivo estabilizar a situação”, completa a nota.
A agência estatal síria SANA anunciou neste sábado (31) que Damasco aceita o acordo, ainda que o Exército sírio tenha destacado que se “reserva o direito de reagir a violações” da trégua por parte dos jihadistas e dos grupos rebeldes.
Após vários meses de intensos bombardeios das forças aéreas russa e síria, os militares de Bashar al-Assad iniciaram em 8 de agosto uma ofensiva terrestre em Idlib, controlada pelo grupo jihadista Hayat Tahrir Al Sham (HTS, ex-braço sírio da Al-Qaeda).
Este é o esforço mais recente da Rússia para evitar o que a ONU descreve como um dos “maiores pesadelos humanitários” do conflito.
Poucas horas antes do início da trégua, um bombardeio russo atingiu um centro médico em Aleppo e deixou diversos feridos, segundo o OSDH.
“O número de ataques contra instalações médicas, de ensino e pontos de abastecimento de água é o maior no mundo”, declarou na sexta-feira Panos Moumtzis, diretor humanitário da ONU na Síria. “Isto é inaceitável”, completou.
Durante a semana, o Exército sírio conquistou novos territórios na região, ao assumir o controle da cidade estratégica de Khan Sheikhun, ao sul de Idlib. No momento, o regime de Bashar al-Assad controla quase 60% do país.
Desde o início, em 2011, a guerra na Síria já provocou mais de 370 mil mortes.
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