Descrição de chapéu Governo Trump

Trump é recebido com protestos ao visitar cidades palco de massacres no fim de semana

Presidente sinaliza que aceita aumentar verificação de antecedentes de quem quer comprar armas

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Washington, Dayton (EUA) e São Paulo | Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi alvo de protestos nesta quarta-feira (7) durante suas visitas às cidades de Dayton (Ohio) e El Paso (Texas), onde ataque a tiros mataram 31 pessoas no fim de semana.

Os massacres consecutivos, que ocorreram em um intervalo de 13 horas, reacenderam o debate nacional sobre o controle de armas, assunto que tem cada vez mais apoio entre os democratas, mas que ainda é visto com desconfiança dentro do Partido Republicano —a sigla de Trump. 

Carregando cartazes com frases como "faça alguma coisa", "a culpa é sua", "o ódio não é bem-vindo aqui" e "acabe com este terror", cerca de cem manifestantes em Dayton pediram que o presidente tomasse providências para limitar o acesso da população a armas. 

"Eu queria mostrar o dedo para ele", disse ao jornal The New York Times o gráfico aposentado Jim Madewell, 71, que participou do ato. Ele fez coro às críticas feitas por democratas, para quem a retórica anti-imigração e contra minorias de Trump acaba estimulando esse tipo de ataque. 

"Ele se alimenta da negatividade e do ódio e joga gasolina no fogo", completou Madewell. 

O ataque no Texas, que deixou 22 mortos no sábado (3), está sendo investigado como terrorismo doméstico. O suspeito de ser atirador, um homem de 21 anos, teria publicado na internet um manifesto de cunho racista em que expressa ódio contra imigrantes. 

Segundo o FBI, o atirador de Dayton mostrou interesse por ideologias violentas.

Durante a visita a Ohio, Trump se encontrou com autoridades locais e foi ao Miami Valley Hospital de Dayton, onde vítimas estão sendo tratadas desde que nove pessoas foram mortas em um massacre na madrugada de domingo (4).

Horas depois, os protestos se repetiram quando o presidente aterrissou no Texas, com direito a presença do "bebê Trump", um balão gigante que representa o republicano como uma criança mimada e que também deu as caras em Ohio.    

Na segunda-feira (5), o republicano fez um discurso em que defendeu uma reforma da saúde mental, uma regulamentação mais rigorosa da internet e uso mais amplo da pena de morte, mas sem sinalizar uma mudança nas regras de venda de armas.  

Os democratas acusam Trump de se esconder atrás de argumentos sobre doenças mentais e a influência das mídias sociais em vez de se comprometer com leis que, insistem eles, são necessárias para restringir a posse de armas e os tipos de armamentos considerados legais.

Antes de embarcar para a viagem nesta quarta, porém, Trump sinalizou uma concessão à oposição e disse que quer reforçar a verificação de antecedentes para compra de armas e impedir pessoas com doenças mentais de portar armas. 

Ele previu o apoio do Congresso para as duas propostas, mas não para a proibição de fuzis de assalto, medida defendida pela oposição. 

"Posso dizer a vocês que não existe apetite político para isso neste momento", disse Trump na Casa Branca. "Mas eu certamente tocarei no assunto... Existe um grande apetite, quero dizer, um apetite muito forte pelas verificações de antecedentes."

Falando a repórteres momentos antes de subir no avião que o levaria a Dayton, ele rejeitou críticas de que sua retórica ajuda a alimentar a polarização e a violência no país. 

Em Iowa, o democrata Joe Biden, que disputa a indicação do partido para disputar a Presidência em 2020, disse em um discurso de campanha: "Temos um presidente com uma língua tóxica que abraçou publicamente e sem remorso uma estratégia política de ódio, racismo e divisão".

Já o ex-deputado Beto O'Rourke, que nasceu e cresceu em El Paso e também busca a indicação democrata, afirmou que Trump não é bem-vindo à cidade. Em entrevista a jornalistas, ele acusou o presidente de ser um supremacista branco que "ajuda a criar o ódio que levou à tragédia de sábado". 

Em um sinal do aumento da tensão em todo o país após os dois massacres, o público na Times Square, em Nova York, saiu correndo na noite de terça (6) após confundir o estouro causado pelo escapamento de motocicletas com tiros. 

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