Câmara argentina aprova prorrogação do estado de emergência alimentar

Votação unânime de proposta da oposição sugere tentativa de Macri de reconquistar popularidade

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Buenos Aires | AFP

A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou por unanimidade nesta quinta (12) um projeto de lei para prorrogar o estado de emergência alimentar, em vigor no país desde 2002, até dezembro de 2022.

A proposta, que prevê um aumento de 50% nos itens de ajuda e assistência alimentar, um incentivo equivalente a cerca de 8 bilhões de pesos argentinos (R$ 578 milhões), foi apoiada por 222 deputados e contou com uma abstenção.

Manifestantes durante protesto em Buenos Aires contra medidas econômicas do governo de Mauricio Macri
Manifestantes durante protesto em Buenos Aires contra medidas econômicas do governo de Mauricio Macri - Agustin Marcarian/Reuters

A unanimidade conquistada durante a votação na Casa sugere influência do presidente Mauricio Macri para a aprovação do projeto, uma vez que a proposta é da oposição.

Após a expressiva derrota nas eleições primárias de agosto —Macri perdeu de 47% a 32% para Alberto Fernández, que tem como candidata a vice a ex-presidente Cristina Kirchner—, esta seria mais uma estratégia do argentino para amenizar a crise no país e reconquistar sua popularidade.

A emergência econômica e social entrou em vigor no momento em que o país passou por sua pior crise, sob o governo de Eduardo Duhalde, e deve ser renovada periodicamente. 

"Estamos enfrentando um problema de fome, desnutrição e uma queda acentuada de renda. Todos nós temos que ajudar em um contexto complicado em que muitas pessoas têm dificuldade", disse Daniel Arroyo, coautor do projeto e membro da oposição. 

Desde quarta (11), milhares de manifestantes de movimentos sociais acampam em frente ao Congresso argentino em protesto contra a fome e para exigir mais atenção em programas de assistência social.

Manifestantes protestam e acampam em frente ao Congresso Nacional argentino, em Buenos Aires - Agustin Marcarian/Reuters

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), Venezuela, Guatemala e Argentina foram os países da América Latina onde a fome mais aumentou em 2018. 

Na tentativa de melhorar seus percentuais de popularidade, no último mês Macri trocou o ministro da Fazenda, que se comprometeu a estabilizar a moeda.

Em 28 de agosto, a Argentina decidiu declarar moratória (adiar o prazo de pagamento) de parte de sua dívida de curto prazo. 

O país ainda vai renegociar as de médio e longo prazos, inclusive a parcela referente a empréstimos com o FMI (Fundo Monetário Internacional). O governo Macri adquiriu uma linha de crédito com o fundo em junho de 2018 no valor de US$ 57 bilhões. 

O governo rejeita a paternidade da moratória, porém considera que superestimou sua própria capacidade de solução de problemas e que estes pareciam mais simples antes da posse do presidente, em dezembro de 2015. 

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