Após Trump cancelar encontro, EUA suspendem negociações com Taleban

Grupo terrorista critica presidente americano e faz ameaça de 'perdas humanitárias'

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Washington | Reuters

Conversas sobre um acordo de paz envolvendo o Taleban, o Afeganistão e os Estados Unidos estão suspensas, afirmou neste domingo (8) Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA. 

 

Segundo ele, Washington continuará a pressionar o Taleban a assumir compromissos e também vão manter as ações militares no Afeganistão.

Questionado durante um programa de TV da Fox News se as conversas haviam se encerrado, Pompeo disse que “por enquanto sim”.

O secretário de Estado americano Mike Pompeo, durante entrevista em Washington
O secretário de Estado americano Mike Pompeo, durante entrevista em Washington - Yuri Gripas/Reuters

Além disso, os EUA convocaram de volta seu enviado especial ao Afeganistão para analisar os próximos passos.

Um porta-voz do Taleban criticou Trump por encerrar o diálogo e acusou seu país de promover ataques contra o Afeganistão.

“Isso levará os Estados Unidos a mais perdas”, disse, em um comunicado. “Sua credibilidade será afetada, sua condição bélica será exposta ao mundo, perdas humanitárias vão crescer.”   

Diplomatas americanos têm negociado com representantes do Taleban por meses um plano de retirar as tropas americanas do país e obter, em troca, garantias de segurança para o Afeganistão —e que o país não seja usado como base para ataques contra os EUA.

 

Trump, porém, disse neste sábado (7) que cancelou as conversas de paz com líderes do Taleban nos EUA porque o grupo esteve por trás de um ataque em Cabul que matou 12 pessoas.

O presidente americano afirmou que havia planejado uma reunião secreta no domingo (8) em Camp David, residência oficial a cerca de 100 km da Casa Branca.

No entanto, o republicano pediu o cancelamento da conversa quando o grupo assumiu estar por trás de ataques recentes na capital afegã.

“Se eles não podem realizar um cessar-fogo durante essas conversas de paz tão importantes, então eles provavelmente não têm o poder para negociar um acordo significativo”, publicou Trump em uma rede social.

Trump defende a retirada de tropas do Afeganistão desde antes de ser eleito presidente. Ele reclama que os soldados fazem pouco mais do que um trabalho de polícia, que a guerra demanda muito dinheiro e prometeu que terminaria com esse conflito.

A guerra dos EUA no Afeganistão já dura quase 18 anos e começou após os ataques de 11 de setembro de 2001. O Taleban, que na época governava o país, foi acusado de dar abrigo aos terroristas que realizaram o atentado.

O Taleban defende uma interpretação radical dos ensinamentos islâmicos. Durante o período em que esteve no poder, as mulheres não podiam estudar ou trabalhar e eram obrigadas a sair nas ruas com o rosto e o corpo completamente cobertos. 

Após a invasão, o grupo foi derrubado do governo em algumas semanas. Seus sobreviventes se esconderam ou foram para países vizinhos, como o Paquistão. 

Para os afegãos, a escalada de ataques do Taleban amplia o medo de que seja impossível alcançar a paz se todas as tropas dos EUA deixarem o país.

Muitos temem que sem a presença militar estrangeira, etnias e regiões rivais entrem em conflito e que isso pode gerar uma guerra civil como a que ocorreu nos anos 1990. 

Há eleições no Afeganistão marcadas para 28 de setembro. Caso não haja acordo de paz, há grandes chances de que a votação seja adiada. 

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