Bolsonaro diz que não foi ofensivo na ONU e volta a criticar imprensa e Raoni

Em discurso a apoiadores, presidente repete que cacique não tem mais monopólio sobre índios

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (26) que não foi ofensivo em seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) e voltou a atacar a imprensa nacional e o cacique Raoni Metuktire.

Na entrada do Palácio do Alvorada, onde conversou com um grupo de apoiadores, ele disse que, na cobertura do evento mundial, setores da imprensa quiseram "desgastar" e "esculachar" e que o objetivo deles é "derrubar o governo". 

O presidente Jair Bolsonaro, durante discurso realizado na terça (24) na sede da ONU, em Nova York - Johannes Eisele/AFP

O presidente nega, mas o discurso, com ataques indiretos à França e à Alemanha e postura de enfrentamento em relação às críticas sofridas por seu governo, foi considerado agressivo até mesmo para veículos internacionais.

"Eles queriam que eu fosse para falar abobrinha, enxugar gelo e passar pano. Não fui ofensivo com ninguém. Seria muito mais cômodo fazer um discurso que fosse aplaudido, mas não teria coragem de olhar para vocês", disse.

Na opinião de Bolsonaro, seu discurso foi "patriótico" e um "marco". Em uma nova crítica indireta, ele acusou o presidente francês Emmanuel Macron de adotar uma postura colonialista em seu discurso de preservação da floresta amazônica.

"A ONU foi criada no passado contra um espírito colonialista. E um país, que não citei o nome do país, quer voltar com isso", disse.

O presidente disse ainda que o cacique Raoni Metuktire, considerado uma das maiores lideranças indígenas no país, não tem monopólio sobre o grupo étnico. Para Bolsonaro, Raoni "não fala a nossa língua".

"Não existe mais o monopólio do Raoni. O Raoni fala outra língua, não fala a nossa língua. É uma pessoa que tem a idade avançada. Nós vamos respeitá-lo como cidadão, mas ele não fala pelos índios. Cada tribo indígena tem um cacique", ressaltou.

O presidente voltou a dizer que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é um "grande parceiro" ao Brasil e fez um aceno ao Poder Legislativo, que impôs derrota a Bolsonaro ao ter derrubado vetos da lei de abuso de autoridade.

"Eu não posso impor minha vontade em tudo. Até porque se um dia alguém com um sentimento de ditador chegar ao meu lugar, vai querer impor sua vontade lá. O Parlamento é um freio necessário. Às vezes a gente não concorda, mas tem que respeitar", disse.

Segundo o presidente, é normal na democracia que pautas de interesse do Palácio do Planalto não avancem no Poder Legislativo.

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