Descrição de chapéu The New York Times

Com mapa alterado, Trump insiste que furacão Dorian atingirá Alabama

Presidente negou avaliação de meteorologistas, para quem o estado será poupado

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Michael D. Shear Zolan Kanno-Youngs
Washington | The New York Times

O presidente Donald Trump exibiu um grande mapa do caminho do furacão Dorian na Casa Branca nesta quarta-feira (5), no qual havia uma linha preta que parecia ter sido traçada para estender o possível trajeto da tempestade até o Alabama. 

Um dos objetivos da marca pode ter sido reforçar uma afirmação de Trump feita no domingo (1º), quando ele postou em uma rede social que, "além da Flórida, Carolina do Sul, Carolina do Norte, Geórgia e Alabama provavelmente serão atingidos com (muito) mais força do que o antecipado" (sic).

Donald Trump segura mapa no qual se vê o caminho projetado originalmente para o furacão Dorian; aparentemente, a linha preta foi adicionada depois, como forma de estender o trajeto da tempestade sobre o Alabama
Donald Trump segura mapa no qual se vê o caminho projetado originalmente para o furacão Dorian; aparentemente, a linha preta foi adicionada depois, como forma de estender o trajeto da tempestade sobre o Alabama - Jonathan Ernst/Reuters

Mas o Serviço Nacional de Meteorologia do Alabama respondeu prontamente que o estado não sofreria impactos do furacão.

Teria Trump feito o risco no mapa para justificar sua posição infundada sobre os perigos que os residentes do estado correriam? Ou alguém em seu governo modificou de qualquer forma o mapa para que parecesse apoiar o presidente?

Questionado sobre a marcação, Trump disse a repórteres que não sabia como ela tinha aparecido lá.

"Eu não sei", disse na quarta-feira, insistindo que sua afirmação sobre os perigos que o Alabama enfrentava estava certa o tempo todo.

“Tínhamos muitos modelos, cada linha era um modelo, e eles estavam passando diretamente [sobre o Alabama]. E em todos os casos o Alabama era atingido, se não levemente, em alguns casos, bastante forte”, disse Trump.

"Eles realmente deram uma probabilidade de 95% de chance", completou. “No fim não foi o que aconteceu. Ele [o furacão] virou à direita ao subir a costa. Mas o Alabama seria atingido com força, junto com a Geórgia. Mas agora eles não serão."

O presidente não informou a origem desta informação, que era contestada há dias tanto pelo Serviço Nacional de Meteorologia quanto pela Agência Federal de Gerenciamento de Emergências, nenhum dos quais divulgou qualquer ameaça ao Alabama.

Governadores da Flórida, Geórgia, Carolina do Sul, Carolina do Norte e Virgínia declararam estado de emergência quando o Dorian se transformou em uma tempestade monstruosa no Atlântico.

O governador do Alabama, não.

Mas Stephanie Grisham, secretária de imprensa da Casa Branca, divulgou na quarta-feira um mapa interno que ela disse ter mostrado a Trump no domingo.

No mapa fornecido pela Casa Branca, o Dorian aparece atingindo partes da Geórgia e um pequeno canto do Alabama, em um trajeto semelhante ao da linha preta desenhada no mapa exibido nesta quarta.

"Eu apenas sei que o Alabama estava na previsão original", insistiu Trump.

No final da tarde de quarta, Trump postou em uma rede social um mapa do Distrito de Gerenciamento de Água do Sul da Flórida, que, segundo ele, apoiava sua afirmação de que o furacão se dirigia para o Alabama.

"Este foi o caminho originalmente projetado para o furacão em seus estágios iniciais", disse ele. “Como você pode ver, quase todos os modelos previram que ele passaria pela Flórida também atingindo a Geórgia e o Alabama. Eu aceito as desculpas de Fake News!" (sic)

Contudo, tal mapa continha um aviso de que as informações do Centro Nacional de Furacões e das autoridades locais de emergência eram mais relevantes: "Se alguma coisa neste gráfico causar confusão, ignore todo o produto".

As Bahamas foram atingidas pelo furacão no domingo à noite e na segunda de manhã com ventos de quase 300 km/h, por aproximadamente 24 horas.

Para além das 13 mil casas destruídas parcial ou completamente, o fenômeno deixou ao menos 20 mortos, entre eles crianças. Autoridades afirmam que se preparam para uma crise humanitária após a passagem da tempestade.

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