Ex-candidata à Presidência da Guatemala é presa na véspera do fim de órgão anticorrupção

Presidente determinou encerramento de comissão independente apoiada pela ONU

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Cidade da Guatemala | AFP e Reuters

A polícia guatemalteca prendeu a ex-candidata à Presidência da Guatemala Sandra Torres nesta segunda-feira (2) após ela ser denunciada por violar leis de financiamento de campanha.

A prisão aconteceu horas antes do encerramento da Cicig (Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala), órgão independente, apoiado pela ONU, composto por colaboradores e magistrados guatemaltecos e estrangeiros para investigar casos de corrupção. 

Policiais escoltam Sandra Torres, ex-candidata à Presidência e ex-primeira-dama da Guatemala, após audiência
Após audiência, policiais escoltam Sandra Torres, ex-candidata à Presidência e ex-primeira-dama da Guatemala - Luis Echeverria/Reuters

Torres foi presa em sua residência em um bairro de luxo nos arredores da Cidade da Guatemala, disse um porta-voz do Ministério Público. Ela nega as acusações.

A ex-primeira-dama social-democrata perdeu em 11 de agosto a votação presidencial frente ao médico de direita Alejandro Giammattei. 

A continuidade do trabalho da Cicig foi tema recorrente nos debates eleitorais, e muitos guatemaltecos foram às ruas pedir que o órgão permanecesse no país. 

Pesquisa deste ano mostrou que mais de 70% apoiavam a continuidade do trabalho do órgão.  

A prisão de Torres e um caso contra um ministro na última semana foram os últimos atos da comissão, que encerrará seu mandato nesta terça-feira, após 12 anos em operação, por decisão do atual presidente, Jimmy Morales.

Sem a Cicig, considerada um dos órgãos mais eficientes de combate à corrupção da história da América Latina, juízes afirmam que teria sido difícil conduzir os casos.

Durante a campanha, Torres gozou de imunidade por causa de sua condição de candidata.

Em fevereiro passado, o MP pediu para retirar o foro especial de Torres para investigá-la depois de ser revelado que cerca de US$ 2,5 milhões (cerca de R$ 10,5 milhões) não foram relatados por ela nas despesas da campanha eleitoral de 2015. 

Naquele ano, como neste, Torres era candidata à presidência da Unidade Nacional de Esperança Social Democrata (UNE), que havia levado seu ex-marido ao poder, o ex-presidente Álvaro Colom (2008-2012), de quem ela se divorciou em 2011 para competir pela primeira vez. 

Os fundos foram entregues ao partido por duas empresas guatemaltecas, mas nunca foram incluídos nos relatórios que apresentaram ao Supremo Tribunal Eleitoral (TSE), disse o promotor Juan Francisco Sandoval em entrevista coletiva. 

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.