Mais uma semana decisiva surge para o enredo do brexit nesta segunda-feira (9), quando diferentes questões do divórcio entre britânicos e europeus podem se definir. Ou não.
O clima de fim de temporada ocorre porque as atividades do Parlamento do Reino Unido serão suspensas, num gesto do primeiro-ministro Boris Johnson que ceifou cinco semanas de debates.
A data exata não foi confirmada, mas a interrupção está definida para acontecer desta semana até 14 de outubro.
Assim, os parlamentares e o governo correm para aprovar propostas, inclusive Boris.
Recapitulando: na semana passada, o premiê defendeu a realização de novas eleições, mas o tema foi rejeitado em votação no Parlamento.
Apesar da derrota, Boris disse que tentará votar de novo a questão nesta segunda (9).
Também nos últimos dias, o Parlamento aprovou uma lei que proíbe uma saída da União Europeia sem acordo. Se não houver acerto até 19 de outubro, o governo fica obrigado a pedir um adiamento de três meses.
Mas faltou combinar com os vizinhos. Para adicionar tensão à história, o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, afirmou neste domingo (8) que mais um atraso no brexit não será aceitável.
“Não vamos, a cada três meses, discutir um adiamento”, disse.
Isto aumenta as chances de um desfecho temido por muitos: o de uma saída sem acordo. Se ela ocorrer, há risco de inúmeros problemas, já que ninguém saberá ao certo como ficarão as regras na economia e na imigração.
Projeções indicam que pode faltar comida e remédios. Fábricas que possuem produção dividida entre Reino Unido e UE podem ter suas operações travadas, por exemplo.
O risco de um final sombrio parece não assustar Boris. Ele disse preferir morrer a pedir um novo adiamento, e que acredita que ainda é possível chegar a um novo acordo.
Um acerto já foi firmado, ainda sob comando da protagonista anterior do brexit, a ex-primeira ministra Theresa May, mas foi rejeitado pelo Parlamento britânico.
Mesmo com os reveses recentes, Boris segue aumentando a aposta. Ele perdeu a maioria no Parlamento —que era de um voto— e viu membros de seu partido criarem uma aliança rebelde com a oposição para combatê-lo.
Como resposta, o premiê expulsou 21 colegas de legenda.
Os problemas chegaram até a sua família: seu irmão Jo Johnson renunciou na quinta (5) ao mandato parlamentar.
Neste sábado (7), outra baixa. A secretária de Trabalho e Previdência do Reino Unido, Amber Rudd, anunciou que deixaria o cargo por não concordar com a estratégia do primeiro-ministro para o brexit.
Nesta segunda, Boris tem marcada uma reunião com o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, para tratar de um dos capítulos mais sensíveis da saída: como ficará a fronteira entre as Irlandas.
Com tantos enredos para resolver em pouco tempo, é grande a chance desta semana do brexit terminar com muitas pontas em aberto e deixar espectadores frustrados.
O que pode acontecer
Saída sem acordo
O Parlamento aprovou uma lei que proíbe uma saída sem acordo. No entanto, o governo pode questioná-la na Justiça. Há também temores de que Boris simplesmente ignore a norma e force a retirada no prazo previsto, 31 de outubro
Adiamento do brexit
A lei aprovada pelo Parlamento prevê adiamento do brexit em 90 dias se não houver acordo até 19 de outubro. No entanto, o atraso depende de aval da UE
Novas eleições
O governo tentará votar de novo a antecipação das eleições gerais nesta segunda-feira (9). Uma nova ida às urnas pode funcionar como um 2º referendo sobre o brexit
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