Premiê espanhol falha em formar governo e país terá 4ª eleição em quatro anos

Pedro Sánchez buscou acerto com partidos de direita e de esquerda, mas não foi bem-sucedido

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São Paulo

Depois de Reino Unido, Itália e Israel, é o Parlamento da Espanha que se encontra bloqueado por disputas partidárias.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou nesta terça (17) que fracassaram as negociações para a formação de um governo —o país parte para novas eleições, a quarta em quatro anos.

O premiê socialista (PSOE) estava em sua última semana para costurar um acordo que lhe permitisse seguir no cargo. O último pleito ocorreu em abril, mas, cinco meses depois, nada estava resolvido. 

Diante desse cenário, o rei Felipe 6º, que consultou os principais líderes políticos mais cedo nesta terça, decidiu não propor nenhum outro candidato ao posto de premiê, abrindo caminho para a convocação de novas eleições.

Em abril, o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) foi o mais votado, porém conquistou apenas 123 cadeiras —precisava de ao menos 176 para garantir a maioria.

O natural seria que se aliasse à coligação Unidas Podemos, mas não houve acerto sobre quais cargos seriam entregues. O bloco pleiteava ministérios com mais poder, como Trabalho, Finanças, Transição Ecológica e Igualdade, algo que Sánchez negou.

“Para nós, compartilhar responsabilidades é o razoável. Em um governo progressista, não é razoável que estejam representados apenas os 7 milhões que votaram no PSOE”, disse o líder da coligação, Pablo Iglesias.

O premiê espanhol Pedro Sánchez, durante discurso no Parlamento - Sergio Perez - 11.set.2019/Reuters

Caso tivesse vingado, esse teria sido o primeiro governo espanhol de coalizão à esquerda desde 1936, quando eclodiu a guerra civil.

Sem acordo, a Podemos prometeu se abster no voto que aprovaria a nova formação do governo, o que facilitaria o caminho para Sánchez —ele teria que conquistar apenas a maioria simples (mais de 50% dos votos dos parlamentares presentes).

Mas, para isso, precisava que outros partidos também não votassem contra ele. Sánchez tentou então buscar um acordo com a direita. O premiê negociou com Cidadãos e PP para que se abstivessem.

Albert Rivera, líder do Cidadãos, pediu em troca que o premiê se comprometesse a não dar indulto aos separatistas catalães presos, que fosse dissolvido o governo regional de Navarra (formado por legendas separatistas) e que não houvesse aumentos de impostos e de gastos públicos.

O PSOE foi reticente em atender integralmente a essas demandas, o que levou a uma resposta ríspida do Cidadãos nesta terça-feira.

“Acabo de falar com Pedro Sánchez. Sua resposta à solução que estamos oferecendo nega a realidade e é uma provocação aos espanhóis. Peço que a retifique, volte ao constitucionalismo e permita o desbloqueio da Espanha”, publicou Rivera em uma rede social.

Apesar da vitória nas eleições de abril de 2019, o PSOE já teve a investidura ao governo negada em duas votações no Parlamento.

Sánchez assumiu o cargo em junho de 2018, depois que o governo de Mariano Rajoy (PP) caiu por denúncias de corrupção —foi a primeira vitória de uma moção de censura na história moderna espanhola.

O voto ocorreu dias após a Justiça condenar 29 pessoas à prisão —incluindo o ex-tesoureiro de Rajoy, Luis Bárcenas. As investigações, semelhantes à Operação Lava Jato no Brasil, apontaram um amplo esquema de pagamentos de propinas em troca de contratos públicos. 

Com Reuters

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