O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e seu principal adversário, Benny Gantz, concordaram na noite desta segunda-feira (23) em negociar a formação de um governo de coalizão após as eleições legislativas em que o partido de oposição superou o do atual premiê por dois deputados.
Depois de se reunir com ambos os líderes em sua residência em Jerusalém, o presidente israelense, Reuven Rivlin, apostou na formação de um "governo de união".
"A responsabilidade de formar um governo é de vocês. A população espera que vocês encontrem uma solução (...), ainda que para isso tenham que pagar um preço em nível pessoal ou ideológico", afirmou o presidente depois do encontro dos dirigentes.
A reunião acontece após os resultados da eleição, a segunda em Israel em cinco meses, na qual os partidos de Gantz e Netanyahu ficaram emparelhados, o que colocou em risco a permanência do atual primeiro-ministro no cargo.
Após a divulgação da apuração final do pleito realizado na semana passada, o partido centrista Azul e Branco, de Gantz, conquistou 33 cadeiras, enquanto o direitista Likud, de Netanyahu, obteve 31.
Separadamente, ambos os candidatos estão longe de reunir os 61 deputados necessários para alcançar a maioria absoluta no Knesset, o Parlamento local.
Durante as consultas para obter o respaldo de outros partidos, Gantz, no entanto, obteve apoio de 54 deputados, enquanto 55 apoiaram Netanyahu.
Esses números não incluem os oito assentos conquistados pelo ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman, líder do partido ultranacionalista Israel Nossa Casa, que poderá ser determinante para a formação do governo.
Gantz também se reuniu nesta segunda com Lieberman, que comemorou numa rede social o ensaio de um acordo nacional.
"Felizmente, os dois grandes partidos internalizaram a necessidade premente de estabelecer um governo de unidade com rotatividade no cargo de premiê", escreveu no Facebook. "A disputa principal agora é sobre quem assumirá a posição de premiê primeiro e quem será o segundo", afirmou Lieberman.
Já houve um precedente. Em 1984, o Likud e o Partido Trabalhista se viram em impasse similar e decidiram formar governo em conjunto, com cada legenda liderando por dois anos.
O líder trabalhista Shimon Peres assumiu o cargo de primeiro-ministro antes, substituído, em 1986, por Yitzhak Shamir, do Likud.
Após o encontro com Rivlin, Netanyahu e Gantz discutiram brevemente entre eles e concordaram em continuar as negociações na terça e quarta-feira, por meio de suas respectivas equipes.
Eles voltarão a se encontrar pessoalmente na quarta-feira. Após essa reunião, deverão voltar a conversar com o presidente israelense, que designaria o candidato encarregado de formar um governo.
A decisão do oposicionista de negociar um acordo com Netanyahu vem após uma primeira negativa à aproximação do atual premiê e do anúncio de apoio que recebeu da Lista Árabe Unida.
A aliança árabe, que surpreendeu ao obter 13 cadeiras e se tornar a terceira força política no Parlamento, rompeu no domingo (22) com uma postura de independência adotada nos últimos 25 anos para acenar positivamente a Gantz como candidato a primeiro-ministro.
Ao anunciar a decisão, ressaltou que sua intenção era ajudar a tirar Netanyahu do poder, o que não significa necessariamente apoio às políticas do líder do Azul e Branco.
Espera-se que Rivlin nomeie um candidato para formar o governo na quarta-feira, quando lhe entregarem os resultados definitivos das eleições.
O líder escolhido terá 28 dias para formar um executivo, com uma possível prorrogação de duas semanas. Caso não consiga, o presidente poderá encomendar a tarefa a outro candidato.
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