Queda de braço pode interromper caça a tesouro na ilha Robinson Crusoé, no Chile

Legislador apresentou requerimento para impedir tentativas de desenterrá-lo

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Santiago | Reuters

Uma busca de 20 anos por um tesouro lendário do século 18 na ilha remota de Robinson Crusoé, no Chile, está enfrentando novos obstáculos após um legislador local apresentar um requerimento para impedir tentativas de desenterrá-lo.

O deputado Diego Ibáñez disse à agência Reuters que entrou com uma petição ao inspetor-geral do país por temer que o trabalho de escavação aprovado pelos reguladores no mês passado possa causar danos irreparáveis ao local, que fica dentro de um parque nacional.

“Isso é uma afronta à lei que regula os parques nacionais do Chile”, disse Ibáñez, membro do partido de extrema-esquerda Convergência Social. “Esperamos que o inspetor-geral o declare ilegal.”

O que está em questão é uma coleção de joias e moedas de prata e ouro que, supostamente, inclui anéis papais e artefatos incas.

Ilha Robinson Crusoé, no Chile  - Rodrigo Garrido/Reuters

Caçadores de tesouros especulam que o butim foi enterrado pelo marinheiro espanhol Juan Estebán Ubilla y Echeverría em uma das três ilhas vulcânicas que compõem o arquipélago de Juan Fernández, a 600 km a oeste da costa central do Chile.

A ilha Robinson Crusoé recebeu esse nome porque foi onde o explorador escocês Alexander Selkirk foi abandonado no século 18, história narrada no romance “Robinson Crusoé”, de Daniel Defoe.

O tesouro, que valeria até US$ 10 bilhões, foi objeto de uma extensa pesquisa de 20 anos realizada pelo empresário têxtil holandês-americano Bernard Keiser.

Na petição em protesto contra a potencial desenterramento, Ibáñez disse que sua preocupação é que tragam máquinas pesadas para o parque nacional de 85 anos e escavem os solos vulcânicos e a base rochosa da ilha —parte dos recursos naturais incomuns que inicialmente levaram à sua proteção.

Ele citou uma proibição incluída no plano de gestão do parque de se “remover ou extrair solo [...] rocha ou terra”, e disse que as permissões do governo emitidas no início deste ano violam essa cláusula.
“Lembre-se de que eles procuram esse tesouro há 20 anos e ainda não o encontraram”, disse Ibáñez em entrevista.

“Não há indício de que essa nova escavação da rocha vá dar frutos. Estamos falando de causar danos geológicos irreparáveis. Simplesmente não há justificativa para isso.”

A comissão florestal do Chile (Conaf) disse em comunicado divulgado nesta semana que o mais recente pedido de Keiser para escavar uma área de 20 metros por 20 metros está em conformidade com a lei ambiental chilena.

“A principal preocupação da Conaf é a conservação e proteção dos valiosos recursos naturais e culturais nas áreas selvagens protegidas do Estado”, afirmou. “Qualquer tipo de intervenção nessa área será devidamente supervisionada com o máximo rigor.”
 

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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