Descrição de chapéu The Washington Post Governo Trump

Seis em cada dez americanos esperam recessão e taxa de aprovação de Trump cai, segundo pesquisa

Índice de aprovação do presidente é de 38%, seis pontos a menos em comparação ao primeiro semestre

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Toluse Olorunnipa Scott Clement
Washington | The Washington Post

O presidente Donald Trump está encerrando um verão tumultuado com seu índice de aprovação caindo após a alta de julho.

A baixa se dá na medida em que os americanos expressam preocupação generalizada sobre a guerra comercial com a China e a maioria dos eleitores agora espera uma recessão no próximo ano, de acordo com uma nova pesquisa Washington Post-ABC News.

O levantamento destaca que um dos principais argumentos de Trump para a reeleição —a economia forte dos EUA— começa a mostrar sinais de potencial turbulência, enquanto os eleitores manifestam temores de que a crescente disputa comercial com a China acabe aumentando o preço dos produtos para os consumidores americanos.

O presidente dos EUA, Donald Trump, durante um comício da campanha em Manchester, New Hampshire
O presidente dos EUA, Donald Trump, durante um comício da campanha em Manchester, New Hampshire - Nicholas Kamm - 15.ago.19/AFP

A pesquisa também mostra um racha entre as constantes classificações positivas da economia e os temores de recessão, com muito mais pessoas dizendo que as políticas de Trump aumentaram as chances de recessão do que as reduziram.

O índice de aprovação de Trump entre os americanos em idade de votar é de 38% —menor que os 44% de julho, mas semelhante aos 39% de abril. Hoje, 56% dizem que desaprovam seu desempenho no cargo.

Entre os eleitores registrados, 40% dizem aprovar Trump, enquanto 55% desaprovam.

A preocupação com a economia —especificamente com o tratamento dado por Trump às negociações comerciais com a China— tornou-se um peso para a posição pública do presidente, especialmente entre as mulheres.

A pesquisa Post-ABC também mostra que o índice de aprovação de Trump na economia caiu de 51% no início de julho para 46% na nova pesquisa, somando 47% de reprovação.

Sua posição relativamente positiva na economia continua a impulsionar sua reputação em meio a críticas públicas sobre outras questões.

Na pesquisa de julho, a economia foi a única área em que Trump recebeu números positivos. Mais da metade de todos os americanos reprovam suas estratégias para imigração, saúde pública, violência armada, mudança climática e outras questões.

O tratamento adotado por Trump nas negociações comerciais com a China é um ponto particularmente fraco, com 35% aprovando-o nesse item na nova pesquisa, e 56%, desaprovando.

Uma maioria de 56% dos americanos classifica a economia como "excelente" ou "boa", mas o número caiu em relação a novembro, quando era de 65%.

Uma pergunta mostrou que seis em cada dez dizem que uma recessão é "muito provável" ou "relativamente provável" no próximo ano. Esse medo se compara aos 69% que disseram que uma recessão provavelmente ocorreria no outono de 2007, pouco antes de a recessão começar no final daquele ano.

Pesquisas nacionais da Universidade de Michigan e do Conference Board descobriram, separadamente, que a confiança do consumidor caiu em agosto, empurrada pelas expectativas mais baixas sobre o futuro da economia.

Mas, como na pesquisa Post-ABC, as notas da economia permanecem positivas.

O medo de uma recessão iminente tomou conta de grande parte do espectro político, em meio ao ritmo lento de crescimento do emprego e ao surgimento de uma "curva de rendimento invertida" no mercado de títulos dos EUA no mês passado.

O mercado acionário girou muito nas últimas semanas, com alguns investidores vendo a evolução do mercado de títulos em agosto como o presságio de uma recessão.

Trump adotou uma abordagem errática em reação à turbulência econômica, atacando o presidente escolhido por ele para o conselho do Federal Reserve (Banco Central), sugerindo e depois abandonando os planos de um novo corte de impostos e hesitando entre elogiar e atacar o dirigente chinês, Xi Jinping, em meio a uma guerra comercial crescente.

O presidente americano também procurou falar da economia dos EUA e elogiar sua administração, ao mesmo tempo em que trata qualquer conversa sobre desaceleração como mera política.

"Nossa economia está forte, nosso país está ótimo, nunca estivemos em melhor posição", disse Trump em um vídeo postado no Twitter no sábado (7).

"A todos os cidadãos americanos, digo uma simples palavra: parabéns."

A pesquisa Post-ABC mostra que 43% dos americanos dizem que as políticas econômicas e comerciais de Trump aumentaram a probabilidade de recessão no próximo ano, mais que o dobro dos 16% que dizem que suas políticas diminuíram a probabilidade de recessão.

Para outros 34%, as políticas de Trump não fizeram diferença.

Muitos se preocupam com o custo financeiro pessoal da guerra comercial, com seis em cada dez dizendo-se preocupados que a atual disputa com a China aumente o preço das coisas que suas famílias compram, incluindo um terço que estão "muito preocupados" com isso.

Enquanto os americanos têm visto cada vez mais a economia sob uma lente partidária, democratas e republicanos discordam mais sobre a força atual da economia do que em qualquer momento em mais de uma década.

Nove em cada dez republicanos dizem que a economia está em excelente ou em boa forma, em comparação com 33% dos democratas.

A diferença partidária de 57 pontos é muito maior do que a observada anteriormente durante o governo Trump ou durante o governo Obama, em que a maior divisão foi de 43 pontos percentuais.

Mas entre os independentes políticos as notas para a economia de Trump caíram.

Atualmente, uma pequena maioria de 52% classifica a economia positivamente —abaixo dos 66% de novembro—, e 60% acreditam que uma recessão é pelo menos um pouco provável no próximo ano.

Os independentes se dividiram sobre a gestão econômica de Trump, com 46% de aprovação e 46% de desaprovação —um retrocesso em relação a julho, quando a aprovação superou a desaprovação em 12 pontos.

O índice geral de aprovação de Trump entre os independentes está profundamente baixo, com 36% de aprovação de seu desempenho e 58% de desaprovação. Isso se compara a uma divisão negativa mais estreita de 43% de aprovação e 54% de desaprovação há dois meses.

A pesquisa encontra uma persistente e grande divisão de gênero em opiniões sobre Trump, com as mulheres avaliando-o com alguns de seus mais baixos índices de aprovação e expressando alta preocupação com a economia.

Apenas 30% das mulheres aprovam seu desempenho, enquanto 64% desaprovam. Entre os homens, as taxas de aprovação e desaprovação estão divididas igualmente, com 47%.

Quase dois terços dos homens dizem que a economia está em boas ou excelentes condições, enquanto pouco menos da metade das mulheres diz o mesmo.

Mas há pouca diferença de gênero nas preocupações com uma recessão, com 57% dos homens e 62% das mulheres dizendo que é provável.

Mais de 80% dos eleitores democratas dizem se preocupar com a possibilidade de a disputa comercial com a China aumentar o preço dos produtos que suas famílias compram.

Entre os republicanos, o índice é de 30%.

Mas parcelas consideráveis dos principais apoiadores de Trump dizem estar preocupadas com aumentos de preços por causa das tarifas, incluindo 55% dos brancos sem diploma universitário, 54% das pessoas que vivem em áreas rurais e 45% dos protestantes evangélicos brancos.

A preocupação aumenta para cerca de 60% entre eleitores independentes e pessoas que vivem nos subúrbios, dois grupos de eleitores importantes.

Em uma tendência que persiste em todo o seu governo, Trump recebe algumas das notas mais baixas das minorias.

Entre pessoas não brancas, em geral, 21% aprovam o desempenho de Trump no cargo, enquanto 71% desaprovam.

Já entre os brancos, seu índice de aprovação é de 48%, com 47% de reprovação.

A pesquisa do Post-ABC News foi realizada por telefone entre 2 e 5 de setembro numa amostra nacional aleatória de 1.003 adultos, com 65% contatados por telefones celulares e 35% por telefones fixos.

A margem de erro da amostragem é de, aproximadamente, 3,5 pontos percentuais; a margem de erro é de 4 pontos na amostra de 877 eleitores registrados, e é maior para outros subgrupos.

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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