O presidente dos EUA, Donald Trump, participou nesta quarta-feira (25) em Nova York de uma reunião do Grupo de Lima, que discute ações contra a crise na Venezuela.
O americano afirmou que o socialismo e o comunismo fracassaram e são as causas da miséria e da migração no país sul-americano.
Com presença do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, o bloco discutiu o regime de Nicolás Maduro e as tentativas de se promover uma transição política no país, mas não propôs novas medidas concretas.
Não foi mencionada a possibilidade de qualquer ação militar estrangeira no país.
Presidentes e chanceleres do grupo se encontraram num hotel da cidade após uma proposta do governo americano.
Trump estava acompanhado do secretário de Estado, Mike Pompeo, e do secretário de Comércio, Wilbur Ross.
Segundo diplomatas que estavam na reunião, Trump fez críticas a Maduro e disse que não se pode permitir que “as forças do socialismo se consolidem”.
Foi acompanhado por outros presidentes. Além do americano, participaram Iván Duque (Colômbia), Lenín Moreno (Equador) e Sebastián Piñera (Chile).
O brasileiro Jair Bolsonaro deixou Nova York na noite de terça (24). O país foi representado pelo chanceler.
Após a reunião, Ernesto disse que as pressões sobre o regime de Maduro são um processo "irreversível" e que Trump reforçou as críticas do que chamou de "situação deplorável" na Venezuela, mas não mencionou a possibilidade de uma intervenção militar estrangeira.
"Ele [Trump] falou da situação deplorável que o governo venezuelano colocou seu país, e da nossa disposição em mostrar para a comunidade internacional, para os países que ainda não apoiam a transição democrática da Venezuela, que não vai ficar assim. É impossível manter isso, os problemas de segurança que causa na região."
O chanceler brasileiro admitiu ainda que nenhuma medida concreta foi definida na reunião.
"Trata-se de ação, de maneiras diferentes de agir, em alguns casos com sanções a figuras do regime, em outros casos, a coordenação de investigação de atividade criminosas ligadas ao regime. A estratégia é continuar mostrando que não há nenhuma saída para Maduro a não ser devolver a democracia à Venezuela."
Julio Borges, representante para Relações Exteriores do líder opositor e autoproclamado presidente venezuelano Juan Guaidó, pediu a Trump para endurecer as ações contra os regimes de Venezuela e Cuba e que nenhuma opção fique fora da mesa ao se tratar de Maduro.
“Há pessoas que se escandalizam quando dizemos que não se pode descartar nenhuma opção. Dizem que é perigoso. Mas perigoso mesmo é que a América Latina siga com essa ferida aberta que significa o regime de Maduro.”
Borges estava acompanhado do embaixador da oposição em Washington, Carlos Vecchio.
“Há um esforço de todos os países da região para achar uma saída rápida para a crise na Venezuela, disse o embaixador na saída do encontro.
O presidente colombiano, por sua vez, reforçou na reunião a decisão de países do continente de ativar o Tiar (Tratado Interamericano de Assistência Recíproca). O objetivo é permitir a investigação e o julgamento de autoridades do regime Maduro por acobertar atividades criminosas, como o narcotráfico.
Duque afirmou ainda que pretende propor ao Conselho de Segurança da ONU medidas nessa linha contra aliados do ditador, entre elas a denúncia formal sobre o que ele classifica como proteção do regime venezuelano a organizações terroristas da Colômbia, o que é negado pelo governo Maduro.
De acordo com Ernesto, uma nova reunião dos ministros dos países que compõem o Tiar foi marcada para daqui a dois meses.
Nesta semana, em Nova York, as nações que fazem parte do tratado da época da Guerra Fria autorizaram a ativação do Tiar para enfrentar a crise na Venezuela, mas sem abrir brecha para uma intervenção militar no país, como esperavam apoiadores de Guaidó.
A resolução estabelece apenas um mecanismo para investigar e julgar grupos ligados ao governo Maduro e vinculados ao narcotráfico e a terroristas.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.