Descrição de chapéu Governo Trump

Trump nomeia Robert O'Brien, negociador de reféns, como novo assessor de segurança nacional

Indicação ocorre uma semana após demissão de John Bolton do cargo, que pressionava por ações militares no Irã e na Venezuela

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São Paulo e Washington | Reuters e AFP

Na dança das cadeiras à qual foi submetido o cargo de assessor de segurança nacional dos EUA, Robert O’Brien, negociador de reféns do país, foi anunciado nesta quarta (18) pelo presidente Donald Trump para assumir a função.

O'Brien é a quarta pessoa a ocupar o posto desde o início do mandato de Trump, em janeiro de 2017.

Ele substitui John Bolton, demitido no dia 10 deste mês por divergir do presidente sobre a forma de conduzir a política externa americana em relação a Irã, Coreia do Norte e Afeganistão.

O presidente Donald Trump ao lado do novo assessor de segurança nacional dos EUA,  Robert O'Brien, no aeroporto internacional de Los Angeles
O presidente Donald Trump ao lado do novo assessor de segurança nacional dos EUA, Robert O'Brien, no aeroporto internacional de Los Angeles - Tom Brenner/Reuters

O novo assessor de segurança nacional atuava, desde maio de 2018, como enviado especial da Presidência para Assuntos de Reféns no Departamento de Estado dos EUA.

 

"Trabalhei muito e por muito tempo com Robert. Ele fará um grande trabalho", disse Trump no Twitter.

Anteriormente, como advogado baseado em Los Angeles, O'Brien serviu como consultor de política externa para campanhas presidenciais republicanas. 

Também atuou em uma iniciativa para treinar advogados e juízes no Afeganistão nas gestões de George W. Bush e Barack Obama.  ​

Bolton, o último assessor, era o principal representante no governo da chamada linha-dura, que defende uma atuação mais enfática de Washington contra adversários geopolíticos e não descarta o uso da força militar. Essa ala ganhou força durante a gestão de George W. Bush (2001-2009).

Jornais americanos afirmam que a escolha de Trump se deu pelo contraste entre as personalidades de Bolton e O’Brien, mas ainda não está claro o quão diferente o novo assessor será de seu antecessor, uma vez que os dois trabalharam juntos durante o governo Bush. Na época, Bolton era embaixador dos EUA nas Nações Unidas.

No livro "While America Slept" (enquanto a América dormia), publicado em 2016, O'Brien criticou o presidente Obama pelo que considerava uma política externa fraca e comparou o acordo nuclear que o democrata firmou com o Irã com o Acordo de Munique, tratado de 1938 pactuado com Adolf Hitler (1889-1945).

Enquanto enviado especial, Robert O'Brien acumula bons resultados na libertação de reféns ou prisioneiros cuja detenção no exterior é considerada injusta por Washington.

Americanos detidos na Coreia do Norte e o pastor cristão Andrew Brunson, que ficou preso por 21 meses na Turquia após ser acusado de terrorismo, figuram entre aqueles que retornaram aos EUA ​após negociações de O'Brien.

Em julho, foi enviado à Suécia para cuidar do caso do rapper americano A$AP Rocky, que se envolveu em uma briga de rua em Estocolmo e foi condenado à prisão.

Em agosto, o músico e dois membros de sua comitiva envolvidos na agressão contra um homem de 19 anos foram autorizados a voltar para casa sem cumprir a sentença, um resultado do esforço de O'Brien.

Representantes dos republicanos no Senado elogiaram a escolha de Trump. "Ele entende o mundo pelo lugar perigoso que é e tem grandes habilidades de negociação", disse a senadora Lindsey Graham. 

Os conselheiros anteriores de segurança nacional do presidente foram H. R. McMaster, substituído por Bolton em março de 2018, e Michael Flynn, demitido logo após assumir o cargo.

​Bolton foi o primeiro assessor do governo Trump a se aproximar do presidente Jair Bolsonaro. 

No fim de novembro de 2018, após a vitória do brasileiro nas eleições, Bolton fez uma visita à casa de Bolsonaro e o convidou para um encontro com o presidente americano.

Segundo fontes próximas ao governo americano, o anúncio de Trump aconteceu após uma dura conversa entre os dois sobre um acordo de paz entre os EUA e o Taleban.

A reunião secreta com os líderes da milícia afegã, marcada para 8 de setembro em Camp David, residência oficial a cerca de 100 km da Casa Branca, e cancelada de última hora por Trump, teria sido um dos pontos da discórdia.

Bolton era veementemente contrário às negociações. Fontes alinhadas à visão do ex-assessor de segurança afirmam que os EUA poderiam retirar 8.600 tropas do país e manter os esforços contra terrorismo sem chegar a um pacto com o grupo

Membros do governo afirmaram que Trump se queixava do fato de que a postura intervencionista de Bolton destoava de sua visão de que os EUA deveriam manter distância de atoleiros no exterior. ​

Com informações do New York Times

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