Descrição de chapéu The New York Times Brexit

Uma mulher sem um brexit para resolver não quer guerra com ninguém

Marcada pelo fracasso ao negociar saída da UE, Theresa May foi vista sorrindo no Parlamento

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Londres | The New York Times

Durante quase três anos, enquanto Theresa May foi primeira-ministra do Reino Unido, ela foi o alvo principal da ira do país, devido à frustração generalizada com sua incapacidade de convencer os legisladores a apoiar seu acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia.

Nesta semana, com quase todos os olhares voltados a seu sucessor, Boris Johnson, ela foi fotografada dando risada nas bancadas da Câmara dos Comuns.

A ex-primeira ministra e hoje parlamentar Theresa May durante sessão na Câmara dos Comuns - Jessica Taylor/Parlamento do Reino Unido/Reuters

Ninguém sabe ao certo o que motivou seu bom humor nem o dos outros parlamentares vistos gargalhando enquanto o drama se desenrolava, mas sobraram insultos e recriminações ao longo dos debates.

Na terça-feira (3), enquanto Boris se atrapalhava ao passar pelo mesmo “corredor polonês” que ela percorreu no passado, May foi vista assistindo à sessão com ar despreocupado e de vez em quando dando um sorrisinho maroto.

Na quarta-feira (4), Boris –que antes de tomar o lugar de May, em julho, era um dos críticos mais declarados da ex-primeira-ministra— enfrentou os parlamentares e ameaçou convocar uma eleição antecipada.

Parlamentares oposicionistas furiosos e 21 dos membros do próprio Partido Conservador, de Boris, se rebelaram contra a abordagem intransigente do premiê ao brexit à medida que o prazo final de 31 de outubro se aproxima cada vez mais.

Para impedir Boris de tirar o país da União Europeia sem um acordo formal, a facção conservadora rebelde votou para arrancar o controle do Parlamento das mãos do governo e fazer o Parlamento votar ainda na quarta-feira (4) uma lei para impedir o premiê de conseguir seu intento.

Theresa May foi vista na Câmara dos Comuns sorrindo ao lado de parlamentares veteranos como Kenneth Clarke.

Na quarta-feira, enquanto parlamentares faziam perguntas e críticas a Boris e enquanto Sajid Javid, o secretário das Finanças, apresentava sua revisão dos planos de gastos públicos, May e Clarke estavam rindo visivelmente.

Especulou-se que ela pudesse se unir ao contingente de conservadores rebeldes que se alinharam com parlamentares oposicionistas para apresentar uma legislação para barrar um brexit sem acordo.

Mas a ex-chefe do governo acabou votando no plano de Johnson.

Os 21 conservadores que se rebelaram contra o governo foram sumariamente expulsos do partido. O ex-ministro Rory Stewart disse à BBC, falando de sua expulsão: “Fui informado por mensagem de texto. Foi um momento estarrecedor”.

No início deste ano, Theresa May fracassou em três tentativas de levar o Parlamento, profundamente dividido, a aprovar o acordo sobre o brexit que ela negociara com Bruxelas.

Ela então apresentou seu pedido de renúncia em um discurso emocionado que fez diante da sede do governo em Downing Street, em que chegou a chorar. Os jornais britânicos a descreveram como “fragilizada” e “acabada”.

Mas, na noite de terça-feira (3), depois de um dos dias mais dramáticos vividos no Parlamento desde que a saga do brexit começou, May foi fotografada saindo do Parlamento de carro.

E estava sorrindo.

Theresa May no carro, após deixar o Parlamento - Hannah McKay/Reuters

ENTENDA A CRISE NO REINO UNIDO

O início
Decidido em plebiscito de junho de 2016, o adeus de Londres à União Europeia (UE) foi objeto de negociações formais por mais de um ano e meio.

Derrota de Theresa May
O pacto fechado pela então primeira-ministra, Theresa May, acabou rejeitado pelos deputados britânicos três vezes, levando à renúncia da conservadora em julho passado.

A chegada de Boris...
O sucessor de May, Boris Johnson, assumiu o cargo prometendo resolver o impasse a qualquer custo até 31 de outubro de 2019, prazo final do brexit. Para isso, suspendeu o Parlamento por cinco semanas para evitar reveses na fase final de negociações.

...e a sua derrota
Nesta quarta (4), o Parlamento aprovou projeto que proíbe o país de deixar a UE sem antes ter um acordo para regular as relações comerciais futuras. Boris não aceitou a nova regra e tentou convocar novas eleições para 15 de outubro, mas a proposta foi derrubada.

Tradução de Clara Allain 

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