A decisão de um pequeno vilarejo no sudoeste da Alemanha de eleger para prefeito um candidato de um partido neonazista provocou reações de repúdio e um exame nacional de consciência.
Nesta terça-feira (10), esforços estavam sendo feitos para reverter a decisão.
Membro do ultranacionalista Partido Nacional Democrata (NPD), que as autoridades alemãs já tentaram proibir diversas vezes, Stefan Jagsch foi a única pessoa a se candidatar a líder da Câmara local do povoado de Waldsiedlung, em Hessen.
Ele foi eleito na quinta-feira (5) por unanimidade pelos outros vereadores, incluindo representantes da União Democrata Cristã (CDU), da chanceler Angela Merkel, e do Partido Social-Democrata (SPD), parceiros na coalizão que governa a Alemanha.
Um vereador do partido de Merkel chegou a dizer a uma rádio local que a habilidade de Jagsch para mandar e-mails era mais importante que sua filiação partidária.
Não houve outros candidatos à prefeitura no vilarejo, que tem apenas 2.600 habitantes.
A notícia da decisão não demorou a chamar a atenção do país para o vilarejo, localizado nos arredores de Frankfurt, e atrair reações de repúdio e condenação das representações regionais e nacionais dos partidos cujos representantes locais em Waldsiedlung votaram no candidato.
Annegret Kramp-Karrenbauer, sucessora de Merkel na direção do CDU, disse que seu partido vai investigar de que maneira seus membros apoiaram Jagsch. Ela pediu que a eleição do candidato seja revogada.
“Tomamos conhecimento dessa decisão um dia após a eleição com horror e incompreensão absoluta”, disse em comunicado à imprensa o escritório distrital da CDU. “Definitivamente, não estamos associados a essa decisão.”
“Não cooperamos com nazistas! Jamais!”, escreveu no Twitter o líder do SPD, Lars Klingbeil.
Jagsch, que é também vice-presidente do partido neonazista em Hessen, prometeu que vai combater os esforços para afastá-lo do cargo para o qual foi eleito.
Até agora, o NPD conseguiu sobreviver aos esforços feitos para colocá-lo na ilegalidade.
A última tentativa desse tipo, em 2017, foi rejeitada pelo Tribunal Federal de Justiça da Alemanha com o argumento de que o partido era pequeno demais para representar uma ameaça à democracia.
Nos últimos anos, o partido neonazista perdeu espaço para o partido da direita nacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD), mais popular entre a direita radical.
“Queremos ajudar a população a resolver seus problemas, só isso”, disse à emissora de televisão alemã Deutsche Welle um vereador filiado à CDU, Norbert Szilakso.
“A filiação partidária do prefeito não vem ao caso para nós.”
Szilakso havia dito à emissora local que Jagsch é “calmo e cooperador” e que ele não se interessa pelo que o candidato eleito faz em particular ou qual é sua filiação partidária.
“As pessoas votaram nele porque o conhecem pessoalmente, mas não sabiam que, politicamente, era algo indevido”, disse Puttich.
“Ele [Jagsch] é um lobo em pele de cordeiro. Ele aparenta ser cordial, mas os outros não entenderam o significado político.”
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