Descrição de chapéu Governo Trump

Novo potencial delator vem à tona e aumenta pressão contra Trump

Advogado, que também representa 1º vazador, afirma que denunciante já teria sido ouvido pelo setor de Inteligência

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São Paulo

Durante as últimas semanas, Donald Trump e aliados republicanos rebateram as acusações em torno do telefonema com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, dizendo que não passavam de relatos de segunda mão reunidos por um informante.

De fato, o delator que detonou o processo de impeachment contra o presidente americano não testemunhou muito do que denunciou, mas baseou seu relatório em entrevistas com diversos funcionários do governo dos EUA.

Neste domingo (6), porém, um segundo delator veio à tona, e agora, de acordo com seu advogado, com conhecimento direto das ações de Trump. 

O presidente dos EUA, Donald Trump, durante entrevista coletiva ao deixar a Casa Branca, em Washington
O presidente dos EUA, Donald Trump, durante entrevista coletiva ao deixar a Casa Branca, em Washington - Andrew Caballero-Reynolds - 4.out.19/AFP

No já célebre telefonema ao líder ucraniano, em 25 de julho, o republicano o pressiona a investigar Joe Biden e sua família —o que constituiria uso do cargo para se beneficiar nas eleições, uma vez que o democrata é um dos líderes na corrida entre pré-candidatos.

De acordo com o advogado Mark Zaid, que também representa o primeiro informante, o novo delator já teria sido entrevistado pelo inspetor-geral da Inteligência Nacional, Michael Atkinson, o que oferece proteção a represálias.

O inspetor foi o responsável por receber a primeira denúncia anônima e a determinar que ela era verossímil e alarmante o suficiente para ser classificada como uma “preocupação urgente”.

Zaid trabalha para a Compass Rose Legal Group, um escritório especializado em representar delatores e liderado por Andrew P. Bakaj, que foi mais longe nas declarações.


Entenda o que já aconteceu

2015 Joe Biden, então vice-presidente, pressiona a Ucrânia para demitir o procurador-geral Viktor Shokin, responsável por uma investigação sobre acusações de corrupção envolvendo empresa na qual seu filho, Hunter, integrava o conselho de administração

2016 Shokin é substituído; em 2017, inquérito é arquivado

18.jul Trump suspende o envio de um pacote de US$ 400 milhões à Ucrânia

25.jul Em telefonema, Trump pede ao presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, que reabra o inquérito sobre Hunter Biden

12.ago Denunciante anônimo registra queixa relatando pressão de Trump sobre a Ucrânia 

11.set Casa Branca libera o envio do pacote à Ucrânia

24.set A Câmara abre o processo de impeachment 

25.set Casa Branca divulga a transcrição da chamada. Trump se reúne com Zelenski; Ucraniano afirma que não se sentiu pressionado

3.out Trump diz que China deveria investigar os Bidens. O ex-enviado dos EUA à Ucrânia, Kurt Volker, apresenta a deputados mensagens trocadas com o embaixador dos EUA na União Europeia, Gordon Sondland, que mostram que Trump condicionou receber Zelenski na Casa Branca à reabertura do inquérito

6.out Escritório que defende denunciante anônimo anuncia que representa ‘múltiplos delatores’

Próximos passos
Sondland e a ex-embaixadora dos EUA na Ucrânia, Marie Yovanovitch (criticada por Trump na ligação), depõem à Câmara. Depoimentos de outros diplomatas também são esperados


Em uma rede social, escreveu que “sua firma e sua equipe agora representam múltiplos delatores”, sugerindo que há outros denunciantes em breve.

A existência de um segundo informante já havia sido levantada pelo jornal The New York Times na sexta-feira (4). Assim como o primeiro, ele também seria um membro do setor de Inteligência dos EUA e estaria considerando testemunhar ao Congresso.

Zaid, no entanto, disse não saber se seu cliente é o mesmo servidor mencionado pelo jornal.

A confirmação da existência de um novo denunciante ocorre após sinais de insatisfação dentro do próprio Partido Republicano com o pedido heterodoxo de Trump à China para que também investigue a conexão de Biden e seu filho Hunter com negócios em Pequim.

Senadores republicanos como Ben Sasse, Susan Collins e Mitt Romney —este último um costumeiro crítico do presidente— expressaram preocupações com a atitude de Trump de buscar ajuda externa para se reeleger em 2020. 

Segundo reportagem do New York Times, outros nomes do partido, ainda que não endossem publicamente o inquérito de impeachment, afirmam que há “perguntas legítimas” a serem feitas sobre as interações com a Ucrânia.

O Senado, de maioria republicana, deve decidir o resultado do impeachment, uma vez que os democratas já têm votos suficientes para fazer o processo avançar na Câmara.

Por outro lado, outros republicanos seguem firmes ao lado de Trump, ecoando a insistência do presidente americano de que nada houve de errado no telefonema a Zelenski e que a solicitação à China não passou de uma piada.

Trump alega que Hunter Biden lucrou com seus negócios devido à posição de seu pai, ex-vice-presidente durante as gestões de Barack Obama.

Biden pai, por sua vez, teria pressionado pela demissão de um promotor que investigava a empresa ucraniana da qual Biden filho foi membro do conselho de administração.

Não há até agora nenhuma evidência de irregularidade.

“A família Biden foi paga, pura e simples!”, exclamou Trump no Twitter no domingo.

Andrew Bates, porta-voz de JoeBiden, disse que Trump “jogou o governo em uma situação fora do controle ao tentar intimidar um líder estrangeiro para espalhar uma teoria da conspiração amplamente desmentida sobre o vice-presidente”.

Ele ainda afirmou que Trump perderá 2020 à moda antiga: “Uma intervenção de seu próprio país, cortesia do povo americano”.

Com Reuters e The New York Times

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