Descrição de chapéu Governo Trump

Após abandonar curdos, Trump diz que não os abandonou

Washington anunciou retirada de tropas da Síria, o que abre caminho para ataque da Turquia

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Istambul e São Paulo | Reuters e AFP

Um dia após o anúncio de que os EUA deixarão de apoiar os curdos, que lutam no sul da Síria contra o Estado Islâmico e o regime de Bashar al-Assad, o presidente Donald Trump disse que não os abandonou.

"Nós podemos estar no processo de sair da Síria, mas de nenhuma maneira nós abandonamos os curdos, que são pessoas especiais e lutadores maravilhosos. Da mesma forma, nossa relação com a Turquia, membro da Otan e parceiro comercial, tem sido muito boa", postou Trump em uma rede social.

Os curdos são aliados americanos desde a invasão do Iraque para derrubar o regime de Saddam Hussein, em 2003. E desde 2011 eles recebem apoio dos EUA para combater o Estado Islâmico, que foi derrotado e perdeu as regiões que controlava na Síria e no Iraque.

Eles também combatem a ditadura de Bashar Al-Assad e são inimigos do governo turco, que os considera um grupo terrorista. 

A população curda, estimada entre 30 e 40 milhões de pessoas, não possui um território próprio e se divide entre partes da Síria, da Turquia, do Irã e do Iraque. 

A Turquia realizou ataques militares na região da fronteira entre a Síria e o Iraque nesta terça-feira (8), segundo oficiais turcos ouvidos pela agência de notícias Reuters. Não há, porém, detalhes sobre danos ou possíveis mortes. 

Militar curdo patrulha área na Síria, perto da fronteira com a Turquia - Delil Souleiman - 6.out.2019/AFP

Esse ataque é uma forma de bloquear a passagem, evitando que curdos do Iraque possam ir para a Síria e, assim, reforçar as tropas do grupo no país vizinho.

E uma nova ofensiva poderá ser lançada nos próximos dias, de acordo com o jornal turco Hürriyet. O governo espera a saída das forças americanas para avançar com os planos de controlar uma faixa de território de 120 quilômetros.

"As Forças Armadas da Turquia nunca vão tolerar o estabelecimento de um corredor do terror nas nossas fronteiras. Todas os preparativos para a operação foram completadas", disse o Ministério da Defesa turco. 

Trump alertou que a Turquia poderá sofrer punições econômicas se agir "fora dos limites" na Síria, mas seu comentário de que o país é um grande parceiro comercial foi interpretado como um recuo na disposição em punir o governo de Recep Tayyip Erdogan.

Os curdos disseram que o movimento dos EUA foi "uma facada pelas costas" e que pode abrir conversas com a Rússia e o governo sírio para tentar bloquear o ataque turco. 

A Síria disse que irá se defender de qualquer ataque ao seu território. "Nós não aceitaremos nenhuma ocupação de nenhuma terra ou grão do nosso solo", disse Faisal Mekdad, vice-ministro do exterior.

Outra questão sensível nesse embate é que os curdos mantêm presos na Síria cerca de 60 mil ex-combatentes do Estado Islâmico que foram capturados.

Washington espera que a Turquia possa assumir o controle sobre eles, mas há temores de que possam escapar durante um eventual confronto, o que favoreceria o ressurgimento do grupo terrorista. 


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