Procuradoria boliviana abre investigação sobre mortes em protestos

Duas pessoas morreram em atos a favor e contra a reeleição de Evo Morales

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La Paz | AFP

O Ministério Público da Bolívia abriu um inquérito nesta quinta-feira (31) para investigar a morte de duas pessoas em confrontos entre partidários e opositores do presidente Evo Morales, de acordo com o jornal local El Deber.

Outras seis pessoas ficaram feridas na noite da quarta-feira (30) durante os atos em Montero, a cerca de 60 km de Santa Cruz de la Sierra, cidade que é reduto da oposição. 

Familiares de Marcelo Terrazas, manifestante morto durante confrontos, em Santa Cruz, na Bolívia
Familiares de Marcelo Terrazas, manifestante morto durante confrontos, em Santa Cruz, na Bolívia - Rodrigo Urzagasti/Reuters

As vítimas foram atingidas por balas provenientes de armas diferentes, afirmou o procurador-geral, Juan Lanchipa. O órgão enviou uma delegação de procuradores ao município para analisar as evidências disponíveis e buscar os autores dos crimes.

"Exigimos que ações violentas e de confronto entre compatriotas não sejam incentivadas", disse ele ao oferecer suas condolências às famílias dos mortos. 

O ministro do Governo, Carlos Romero, culpou o candidato presidencial da oposição, Carlos Mesa, e a liderança do Comitê Cívico antigovernamental de Santa Cruz, que rejeitam o resultado das eleições do domingo passado (20) —eles as consideram fraudulentas e pedem a anulação do pleito.

"O que está acontecendo em Santa Cruz e em Cochabamba, a situação é muito grave", disse o ministro, referindo-se às duas cidades que registram diariamente confrontos de rua entre partidários e opositores de Morales, no poder desde 2006.

O ministro da Defesa, Javier Zavaleta, lamentou que "vidas humanas foram perdidas". "Isso é irreparável."

A indefinição acerca dos resultados das eleições de outubro deste ano desencadeou uma onda de protestos e confrontos violentos que já dura mais de dez dias.

Desde o início dos atos, 60 investigações foram abertas e 140 pessoas detidas, segundo a procuradoria.  

Ainda nesta quinta, teve início uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre os resultados do pleito que deu ao atual presidente, Evo Morales, seu quarto mandato.

 

Evo disse que os protestos fazem parte de um plano de "golpe de estado" incentivado por Mesa, enquanto o líder da oposição rejeita as acusações e desafia o governo: "Eu vou para a cadeia ou para a Presidência".

Anteriormente, o oposicionista afirmou que a auditoria da OEA provaria que houve fraude eleitoral e requereu que o resultado declarado pela organização fosse tido como obrigatório pelos dois lados. No entanto, na quarta-feira (30), Mesa disse que não confiava no procedimento "acordado pela OEA e o [partido de Evo] MAS".

Em um comunicado, o candidato afirmou que "não aceita a auditoria sob os atuais termos, estipulados unilateralmente". 

Além de Santa Cruz e Cochabamba, os protestos também acontecem desde a semana passada em La Paz, Sucre e Potosí, por opositores que rejeitam o resultado oficial do Supremo Tribunal Eleitoral que deu a Evo a vitória no primeiro turno (47,08% contra 36,51% de votos a Mesa).

Erramos: o texto foi alterado

Em uma legenda, o presidente da Bolívia, Evo Morales, foi chamado incorretamente de ex-presidente. O texto já foi corrigido.

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