Descrição de chapéu Governo Trump

Diplomata dos EUA na Ucrânia confirma toma lá dá cá de Trump ao congelar verba para Kiev

Bill Taylor diz ao Congresso que presidente reteve ajuda militar para pressionar por investigação contra rival

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Washington e São Paulo | Reuters

O principal diplomata americano na Ucrânia afirmou nesta terça-feira (22) a deputados que o presidente Donald Trump reteve o envio de uma ajuda militar para Kiev como forma de pressionar o país do leste europeu a investigar um rival seu, o democrata Joe Biden. 

O imbróglio está no centro do inquérito de impeachment aberto na Câmara dos Representantes contra o líder americano.

William Taylor (dir.), principal diplomata americano na Ucrânia, chega ao Congresso dos EUA para seu depoimento
William Taylor (dir.), principal diplomata americano na Ucrânia, chega ao Congresso dos EUA para seu depoimento - Alex Wong/Getty Images/AFP

A declaração foi dada em um depoimento fechado de Bill Taylor, encarregado de negócios da embaixada dos EUA na Ucrânia, ao Congresso.

Taylor disse ter ouvido de Gordon Sondland, embaixador dos EUA na União Europeia, que Trump havia condicionado a liberação de uma verba de US$ 391 milhões para Kiev à abertura por parte do governo ucraniano de uma investigação relacionada à eleição de 2016, envolvendo Joe Biden e seu filho Hunter. 

A acusação contra o democrata já foi descartada, e o Ministério Público ucraniano afirmou que não encontrou nada de errado na atuação de Hunter.   

O diplomata também acusou o advogado pessoal de Trump, o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, de ser o responsável por operar um canal informal da política externa do governo.   

"Em agosto e setembro deste ano, eu fiquei cada vez mais preocupado que nossa relação com a Ucrânia estivesse fundamentalmente sendo minada por um canal irregular e fora dos órgãos de elaboração das políticas e pela retenção de uma ajuda vital de segurança por causa de questões domésticas", disse Taylor de acordo com o jornal The Washington Post. 

Trump nega há semanas que tenha feito qualquer troca de favores com Kiev. 

Mas seu chefe interino de gabinete, Mick Mulvaney, havia reconhecido em uma entrevista coletiva na semana passada que a ajuda dos EUA foi congelada porque o republicano tinha dúvidas sobre um servidor de computadores do Comitê Nacional Democrata que supostamente estaria na Ucrânia.

Assim, as declarações de Taylor, que é diplomata de carreira, são um novo indício que Trump teria de fato usado a verba para pressionar Kiev. 

Durante um telefonema em 25 de julho, Trump pediu ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, "um favor" para checar o servidor e para investigar o rival Joe Biden —possível adversário na eleição de 2020.

Biden, vice-presidente durante os dois mandatos de Barack Obama, teria atuado em favor da demissão do procurador-geral da Ucrânia que apurava os negócios de uma empresa de gás da qual Hunter era membro do conselho de administração

Zelenski, recém-eleito à época, concordou em realizar a apuração que Trump buscava, e, mais tarde, viu a ajuda dos EUA ser liberada à Ucrânia.

A questão do servidor do Partido Democrata é uma teoria da conspiração já desmentida, segundo a qual a Ucrânia, e não a Rússia, teria interferido nas eleições de 2016 nos EUA. Para isso, um servidor de computadores do Comitê Nacional Democrata era mantido em algum lugar na Ucrânia.

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