A prisão do ucraniano Lev Parnas e de Igor Fruman, nascido no Belarus, é o mais recente desdobramento do caso que ameaça a Presidência de Trump. Eles foram detidos na noite de quarta-feira (10) em um aeroporto nos arredores de Washington com passagens só de ida para Viena.
Promotores afirmam que os executivos utilizaram dinheiro estrangeiro, incluindo ao menos US$ 1 milhão (R$ 4,11 milhões) de um empresário russo não identificado, para abastecer campanhas a cargos federais e estaduais.
Ainda de acordo com os promotores, Parnas e Fruman doaram em maio de 2018 US$ 325 mil para um comitê pró-Trump chamado America First Action. A origem desse valor teria sido falsamente atribuída a uma empresa de gás natural criada para ocultar sua verdadeira fonte.
A lei dos Estados Unidos proíbe doações estrangeiras nas eleições americanas.
Além de tentar comprar influência política, os promotores afirmam que Parnas desempenhou papel bem-sucedido para que Trump tirasse a embaixadora americana Marie Yovanovitch do posto na Ucrânia.
O movimento seria parte dos esforços do presidente e de Giuliani para reabrir uma investigação no país sobre a atuação de Joe Biden, possível rival democrata nas eleições de 2020, e de seu filho Hunter, ex-membro do conselho de administração da empresa de gás ucraniana Burisma.
As pressões de Trump para que o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, apure ações do adversário político é o centro do inquérito de impeachment contra o republicano.
Parnas deve depor a parlamentares na Câmara na quinta (17), enquanto Fruman deve testemunhar no dia seguinte.
Em paralelo, os democratas intimaram o secretário de Energia dos EUA, Rick Perry, a entregar documentos sobre qualquer papel que ele possa ter desempenhado no esforço de Trump para levar a Ucrânia a investigar Biden.
Em entrevista à Reuters no mês passado, Parnas disse que quaisquer violações das regras da Comissão Federal Eleitoral dos EUA eram involuntárias e uma “coisa burocrática”, porque ele não era um doador político experiente.
Também negou que estivesse tentando esconder a fonte da doação de US$ 325 mil.
John Dowd, advogado de Parnas e Fruman, recusou-se a comentar as acusações. Anteriormente, ele representou Trump na investigação do ex-procurador especial Robert Mueller, que detalhou a interferência russa na campanha presidencial dos EUA em 2016.
O juiz federal Michael Nachmanoff impôs uma série de condições para que Parnas e Fruman sejam liberados. Além de monitoramento na prisão domiciliar, cada um deles tem de pagar fiança de US$ 1 milhão.
Giuliani não retornou a pedidos de entrevista. Na semana passada, ele disse à Reuters que Parnas e Fruman o ajudaram “em certas coisas”. “Eles me ajudaram com logística. Conhecem a Ucrânia, falam russo. Me ajudaram a localizar pessoas em alguns casos.”
Jay Sekulow, advogado de Trump, disse que “nem o presidente nem a campanha estavam cientes do esquema”, referindo-se aos réus. Fotos das redes sociais de Parnas mostram o empresário em várias ocasiões ao lado de Trump.
O líder americano negou irregularidades e descreveu a investigação de impeachment como um processo partidário.
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