Milhares de libaneses formaram neste domingo (27) uma corrente humana ao longo dos 170 km de costa do país, de Trípoli, no norte, a Tiro, no sul, segundo os organizadores.
Trata-se do 11º dia de uma onda de protestos que vem paralisando o país. O alvo é a classe política, acusada de abuso de poder e de exploração dos recursos do Estado em benefício próprio.
O país passa por sua pior crise econômica desde a guerra civil (1975-1990).
Carregando bandeiras libanesas, gente de todas as regiões, idades e crenças deram as mãos em todo o país, de norte a sul. Estima-se que cem mil pessoas tenham participado da corrente humana.
A ação remete a um protesto semelhante ocorrido em 23 de agosto de 1989, quando cerca de 2 milhões de pessoas deram os braços nos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), em uma manifestação contra o domínio soviético que ficou conhecida como "Corrente Báltica".
O cordão humano se estendeu por 600 km, atravessando o território das três nações.
A concentração no Líbano começou no início da tarde, no horário local, na estrada que acompanha o mar Mediterrâneo e passa pelo litoral da capital, Beirute.
"O que está acontecendo é prova do caráter pacífico dos protestos. As pessoas estão segurando as mãos umas das outras", disse Nadine Labaki, cineasta indicada ao Oscar, que participou da corrente em Beirute.
No Vaticano, o papa Francisco ofereceu neste domingo suas preces aos jovens que protestam no Líbano e pediu a ajuda da comunidade internacional para manter o país como um lugar de “coexistência pacífica”.
O governo anunciou um pacote de reformas de emergência nesta semana, mas não conseguiu dissipar a revolta ou destravar US$ 11 bilhões (R$ 44,1 bilhões) em doações de países que prometeram financiar o Líbano no ano passado, sob a condição de que o país implementasse reformas.
Os protestos começaram quando foi anunciado, no dia 17, um plano para cobrar uma taxa sobre chamadas de voz em aplicativos como o WhatsApp. Horas mais tarde, o governo recuou.
A cobrança seria de 20 centavos de libra libanesa —equivalente a R$ 0,83— por dia para ligações feitas por meio de programas que usam a tecnologia Voip, que permite chamadas pela internet.
A medida era vista como solução para aumentar a receita do governo.
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