Filho de El Chapo é preso e solto em poucas horas no México

Ovídio Guzmán controla parte do tráfico de drogas após extradição de seu pai

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo e Cidade do México | AFP e Reuters

Ele é filho do megatraficante Joaquín "El Chapo" Guzmán. Assumiu a liderança de um importante cartel de drogas no México. Foi preso pelo polícia. E solto algumas horas depois.

Ovídio Guzmán, 28, foi capturado na quinta (17) à tarde em uma casa na cidade de Culiacán, no estado de Sinaloa, bastião de El Chapo.

Carros incendiados durante confronto em Culiacán, em Sinaloa
Carros incendiados durante confronto em Culiacán, em Sinaloa - El Debate/Xinhua

Segundo a polícia, um grupo de 30 agentes da Guarda Nacional foi atacado com tiros no momento em que se aproximava do local. Mas revidou e conseguiu entrar.

Na sequência, a casa foi cercada por criminosos fortemente armados. Houve confronto, e o pânico se espalhou pelas ruas numa reação em escala raramente vista na longa guerra dos mexicanos contra os cartéis de drogas. 

Durante horas, veículos e um posto de gasolina foram incendiados enquanto homens do cartel percorriam a cidade em caminhonetes.

Ao menos um dos carros levava uma metralhadora de grande porte, de acordo com vídeos publicados em redes sociais. As pessoas correram para se esconder em supermercados e em ruas mais afastadas. 

Imagens de trailers queimados e de homens armados foram gravadas por um jornalista da agência de notícias AFP. Durante os confrontos, vários detentos escaparam de uma prisão.

O secretário de Defesa, Luis Sandoval, confirmou a morte de oito pessoas, incluindo cinco suspeitos de fazer parte do narcotráfico.

Mas nas redes sociais houve registro de pelo menos dois outros corpos, perto de uma caminhonete abandonada —​o que sinaliza que o número de vítimas pode ser maior.

O caos em Culiacán aumentou a pressão sobre o presidente Andrés Manuel López Obrador, que assumiu o cargo em dezembro do ano passado, prometendo pacificar o país, após mais de uma década de violência com gangues, desaparecimentos e tiroteios.

"Não queremos mortos, não queremos guerra", disse ele, que rebateu críticas de que seu governo teria sido fraco ao libertar o traficante. "Capturar um criminoso não pode valer mais que a vida das pessoas."

A confusão causada pela prisão de Ovídio se segue a dois outros episódios violentos desta semana: o massacre de mais de uma dúzia de policiais no oeste do país e um tiroteio que deixou 14 civis mortos.

No final de 2006, o governo mexicano lançou uma polêmica ofensiva militar contra o crime organizado, apontada por especialistas e defensores dos direitos humanos como uma das principais causas do aumento da violência no país. 

Segundo dados oficiais, desde então mais de 250 mil assassinatos foram registrados, embora não seja especificado quantos casos estão relacionados ao combate a crimes.

Estimativas mostram que o índice de homicídios no México neste ano deve superar o de 2018.

 
Desde 2017, o poderoso cartel de Sinaloa está dividido entre os filhos de El Chapo, condenado à prisão perpétua nos Estados Unidos, e Ismael "El Mayo" Zambada, antigo sócio do lorde do narcotráfico.

​​El Chapo, que foi o narcotraficante mais poderoso do planeta, escapou em 2001 da prisão de Puente Grande, na primeira de suas fugas espetaculares. Foi recapturado em fevereiro de 2014, mas 17 meses depois protagonizou outra fuga, desta vez de uma prisão de segurança máxima.

Ele foi preso pela terceira vez em janeiro de 2016 e, no ano seguinte, extraditado para os Estados Unidos. Em julho de 2019, foi sentenciado e levado para uma prisão de segurança máxima no Colorado.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.