Jornais australianos censuram suas capas em protesto por liberdade de imprensa

Operações policiais em casa de jornalista e sede de um jornal foram criticadas

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Sydney | AFP

As primeiras páginas dos jornais da Austrália desta segunda-feira (21) tiveram textos ocultados por tarjas pretas, carimbos de "sigiloso" e uma mesma pergunta: "quando o governo esconde a verdade de você, o que ele está acobertando?".

A ação, organizada pelos principais veículos do país, como The Australian, The Sydney Morning Herald e Australian Financial Review, também contou com a participação de emissoras de TV, que exibiram anúncios com a mesma questão.

Capas desta segunda-feira dos principais jornais australianos
Capas desta segunda-feira (21) dos principais jornais australianos - Lukas Coch/Reuters

A campanha pelo direito à informação foi realizada meses após a polícia realizar operações de busca e apreensão na sede do canal ABC e na residência de uma jornalista da News Corp —ambos divulgaram informações que provocaram constrangimento no governo.

A imprensa australiana advoga para que os jornalistas não sejam submetidos à severa legislação de segurança nacional por considerar que isto complica a realização do ofício. 

"A cultura de sigilo que deriva desses dispositivos legais restringe o direito de todo australiano de estar informado e vai muito além da intenção original de segurança nacional", disse Paul Murphy, diretor do sindicato Aliança de Mídia de Entretenimento e Arte.

"As operações policiais na residência da jornalista da News Corp Annika Smethurst e na sede da ABC em Sydney são ataques à liberdade de imprensa na Austrália e são apenas a ponta do iceberg", afirmou. 

Por causa das operações, três jornalistas podem responder a processos penais: Smethurst, por ter revelado que o governo pretendia espionar os australianos, e dois profissionais da ABC por uma denúncia de crimes de guerra supostamente cometidos pelas forças especiais australianas no Afeganistão.

A mídia defende maior proteção legal para denunciantes anônimos do governo, reformas legislativas para ampliar a liberdade de imprensa e alterações das leis sobre sobre difamação. 

Os veículos também questionam a falta de transparência do Estado, que tem negado vários pedidos de informação feitos por jornalistas. 

Ao contrário da maioria dos países democráticos, a Austrália não possui uma declaração de direitos ou uma proteção constitucional à liberdade de expressão. 

O primeiro-ministro Scott Morrison disse que seu governo "acredita na liberdade de imprensa", mas insistiu que os jornalistas não estão acima da lei.

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