Ligação de Trump a ucraniano foi 'louca' e 'assustadora', diz oficial que ouviu telefonema

Delator descreve em documento reação de funcionário a episódio central do impeachment

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Washington | The New York Times

Um oficial da Casa Branca que ouviu o telefonema de Donald Trump ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, descreveu o contato como louco, assustador e "sem nenhum conteúdo relacionado à segurança nacional".

Na ligação, Trump pressionou o líder ucraniano a reabrir uma investigação envolvendo o filho de seu principal adversário político, o pré-candidato democrata Joe Biden. O episódio levou a Câmara dos Deputados a abrir um processo de impeachment contra o presidente. 

Donald Trump fala a repórteres na Casa Branca
Donald Trump fala a repórteres na Casa Branca - Jim Watson - 3.out.2019/AFP

O relato faz parte de um documento elaborado pelo denunciante anônimo —um agente da CIA que teria conversado com o funcionário da Casa Branca após o episódio. 

O oficial estava "visivelmente abalado pelo o que tinha acontecido" um dia após o telefonema, escreveu o delator.

No documento, o denunciante relata que houve um desconforto entre os funcionários que ouviram a conversa —eles teriam considerado que a conversa extrapolou os limites da diplomacia tradicional.

"O oficial [ouvinte] afirmou que já havia um diálogo em curso com advogados da Casa Branca sobre como lidar com o contato porque, na visão desse oficial, o presidente havia claramente cometido um crime ao instigar uma potência estrangeira a investigar um americano com o objetivo de obter vantagens em sua campanha à reeleição em 2020", escreveu. 

O documento foi entregue ao Congresso pelo inspetor-geral do setor de Inteligência dos EUA, Michael Atkinson, na semana passada. 

O relato acrescenta detalhes e reforça as acusações feitas pelo delator, que não teve conhecimento direto dos eventos relacionados ao telefonema entre Trump e Zelenski. Em sua queixa inicial, ele afirmou que havia conversado com "vários funcionários do governo" que disseram que o presidente havia "usado os poderes de seu cargo para solicitar a um país que interferisse nas eleições de 2020". 

Não se sabe ainda se o oficial da Casa Branca citado no documento seria o segundo denunciante anônimo, que está sendo defendido pelos mesmo advogados do primeiro. A identidade dos dois está sendo ocultada em cumprimento à legislação americana. 

Até o momento, nada de significativo na queixa inicial foi desmentido. Trump tem criticado a investigação do impeachment contra ele argumentando que ela se baseia em um relato secundário dos eventos, já que o delator não participou pessoalmente da ligação. 

A transcrição do contato entre os líderes divulgada pela Casa Branca respalda as acusações feitas. Atkinson, responsável por receber a denúncia e checar sua plausibilidade, concluiu que ela era coerente, além de ter sido corroborada por outras pessoas entrevistadas por ele. ​

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