Refugiados se concentram na zona leste e no centro de São Paulo

Levantamento da Caritas busca direcionar ações a bairros onde esses imigrantes moram

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São Paulo

Refugiados em São Paulo vivem principalmente nas zonas leste e central da cidade, segundo uma pesquisa apresentada nesta quarta-feira (23) pela entidade sem fins lucrativos Caritas Arquidiocesana de São Paulo junto com a agência da ONU para refugiados (Acnur).

O estudo não diz respeito ao total de refugiados na cidade, mas àqueles atendidos em 2018 pela Caritas —principal organização a lidar especificamente com esse público no município. Foram 6.500 pessoas no total, das quais 5.643 tiveram seus endereços georreferenciados para o levantamento, que é realizado pela primeira vez. 

 
Venezuelanos chegam a abrigo no centro de São Paulo
Venezuelanos chegam a abrigo no centro de São Paulo; muitos refugiados estabelecem moradia perto de onde foram acolhidos em seu início na cidade - Rubens Cavallari/Folhapress

Entre elas, há tanto as que já foram reconhecidas como refugiadas quanto as que fizeram a solicitação e aguardam ter seu caso analisado. No Brasil, há cerca de 11 mil pessoas na primeira situação e quase 200 mil na espera.

 
Não há dados oficiais sobre o número de refugiados vivendo atualmente na cidade de São Paulo —a principal porta de entrada do país para essas pessoas até recentemente, quando passou a chegar um grande contingente de venezuelanos por Roraima. Segundo a Polícia Federal, no Estado de São Paulo, 9.977 pessoas de 115 países solicitaram refúgio em 2018.

A Caritas atendeu, nesse mesmo ano, estrangeiros de 84 nacionalidades, a maioria de Angola (20%), Venezuela (19,8%), República Democrática do Congo (13,6%) e Síria (10,7%). Um quarto deles chegou ao Brasil em 2018, e o restante já estava no país antes.

Mais da metade (55%) vivia na zona leste, 26% viviam no centro, 9,5% na zona sul, 6,5% na zona norte e apenas 3% na zona oeste. Os distritos com mais refugiados foram Sé, República, Pari, São Mateus e Itaquera.

Segundo Midori Hamada, da Caritas, alguns fatores levados em conta na escolha do local de moradia pelos refugiados são o preço acessível de imóveis e a localização dos empregos, assim como a presença de instituições de acolhida. São Mateus, na zona leste, por exemplo, onde ficam abrigos que recebem venezuelanos, é o distrito com maior número de pessoas dessa nacionalidade. 

Muitos refugiados também se mudam para lugares onde há uma comunidade estabelecida de seu país. Isso é comum entre os sírios: muitos deles vivem no Brás e em municípios da região metropolitana como Guarulhos e São Bernardo do Campo, onde há mesquitas tradicionais frequentadas por pessoas dessa nacionalidade.

angolanos e congoleses moram principalmente no centro expandido, irradiando para a zona leste a partir do eixo da linha vermelha do metrô e das linhas 11 e 12 da CPTM. 

Segundo Silvia Sander, assistente sênior de proteção do Acnur, a intenção é que os dados ajudem a direcionar ações voltadas para os refugiados nos bairros onde eles vivem. “A ideia é que não só as pessoas venham até nossos serviços, mas que a gente também vá até elas. Queremos enxergar onde eles estão para entender quais são os serviços existentes, os espaços culturais e religiosos, com quais UBSs temos que trabalhar mais de perto”, exemplifica.  

Ela lembra que a maioria das pessoas vítimas de deslocamento forçado no mundo (61%) vive em áreas urbanas. “No começo do século 21, a imagem icônica que a gente tinha eram de pessoas em campos de refugiados. De lá para cá, vemos que a maior parte dessas pessoas não estão nesses campos, mas em centros urbanos como São Paulo”, afirma.

Segundo Silvia, o mapeamento da Caritas é um projeto-piloto que pode ser replicado para outras cidades do país e do mundo. 

 
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