Descrição de chapéu Governo Trump

Diretor que ouviu ligação de Trump diz que pedido poderia comprometer segurança nacional

Telefonema ao presidente da Ucrânia foi estopim do processo de impeachment, em andamento no Congresso

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Washington | Reuters

Em prosseguimento do processo de impeachment, o principal assessor do presidente Donald Trump na Ucrânia deu um depoimento ao Congresso nesta terça-feira (29). As declarações são, até o momento, a prova mais sólida de que Trump abusou de seu poder e violou leis eleitorais para obter apoio de Kiev em sua campanha pela reeleição em 2020. ​

O tenente-coronel do Exército Alexander Vindman disse que procurou um advogado do governo para falar de suas preocupações de que a segurança nacional dos EUA poderia ser prejudicada após um telefonema entre Trump e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, em julho. Esta ligação foi o estopim do processo de impeachment.

Alexander Vindman, diretor de assuntos europeus no Conselho de Segurança Nacional, chega para depor ao Congresso - Siphiwe Sibeko/Reuters

​Vindman foi o primeiro oficial atual da Casa Branca a testemunhar a portas fechadas no inquérito de impeachment liderado pelos comitês de Inteligência, Relações Exteriores e Supervisão da Câmara dos Deputados.

Diretor de assuntos europeus do NSC (Conselho de Segurança Nacional), Vindman chegou ao Capitólio logo após as 9h, em uniforme militar completo.

Ele é a primeira pessoa que ouviu a ligação de 25 de julho a testemunhar no inquérito. Foi nesse telefonema que Trump pediu ao presidente ucraniano para investigar o ex-vice-presidente Joe Biden, possível rival nas eleições de 2020, e seu filho Hunter Biden, que trabalhou no conselho da empresa de gás ucraniana Burisma.

Trump fez seu pedido a Zelenski depois de reter US$ 391 milhões em ajuda de segurança aprovada pelo Congresso para ajudar a Ucrânia a combater separatistas apoiados pela Rússia. A lei federal proíbe os candidatos de aceitar ajuda estrangeira em uma eleição.

Em sua fala ao Congresso, Vindman contou que ouviu a chamada. "Não achei adequado exigir que um governo estrangeiro investigasse um cidadão dos EUA e fiquei preocupado com as implicações para o apoio do governo dos EUA à Ucrânia."

"Eu percebi que se a Ucrânia prosseguisse uma investigação sobre os Bidens e a Burisma, provavelmente seria interpretado como um ato partidário que, sem dúvida, resultaria na perda do apoio bipartidário que a Ucrânia mantém até agora. Tudo isso prejudicaria a segurança nacional dos EUA", afirmou ele.

Após a ligação, disse Vindman, ele relatou suas preocupações ao principal advogado do Conselho de Segurança Nacional.

Vindman afirmou que a importância de a Ucrânia iniciar uma investigação sobre os Bidens e a Burisma também foi defendida pelo embaixador dos EUA na União Europeia, Gordon Sondland, em uma reunião em 10 de julho, após uma visita de um oficial de segurança ucraniano a Washington.

"Afirmei ao embaixador Sondland que suas declarações eram inadequadas e que o pedido para investigar Biden e seu filho não tinha nada a ver com segurança nacional", diz Vindman.

O diretor disse que tomou conhecimento de uma política sombria da Ucrânia promovida por "influenciadores externos" no início de 2019. Em seu papel como diretor do NSC, ele trabalhava com resumos de reuniões e comunicações relevantes sobre a Ucrânia e outros países.

Trump nega qualquer irregularidade em suas relações com a Ucrânia e diz que o processo de impeachment tem motivação política. Na terça-feira (29) pela manhã, ele postou uma série de tuítes sobre o tema. 

"Por que pessoas das quais eu nunca ouvi falar estão testemunhando sobre a ligação. Apenas LEIAM A TRANSCRIÇÃO E A FARSA DO IMPEACHMENT ACABOU. Ucrânia disse SEM PRESSÃO", escreveu o presidente. 

Os republicanos criticam os democratas por realizar audiências sobre os acordos de Trump com a Ucrânia a portas fechadas e reclamaram da presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, por lançar um inquérito formal de impeachment no mês passado sem obter autorização por meio de um voto da Câmara.

Na segunda-feira, Pelosi disse que a Câmara votará nesta semana os procedimentos para entrar na fase pública do inquérito de impeachment.

O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, disse esperar ouvir testemunhos de representantes do Departamento de Estado, do NSC, do Departamento de Defesa e de outros setores do governo nos próximos dias. 

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