Polícia de Hong Kong confronta manifestantes em noite de Halloween

Após 5 meses de protestos, território chinês entra em recessão pela primeira vez em 10 anos

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Hong Kong | Reuters

A polícia de Hong Kong disparou gás lacrimogêneo para interromper os protestos antigovernamentais no distrito de Kowloon nesta quinta-feira (31), quando manifestantes mascarados se reuniam para em seguida se juntarem a pessoas que comemoravam o Halloween.

Centenas de ativistas, muitos vestidos de preto e usando máscaras proibidas pelo governo, ajoelharam-se na via principal da Nathan Road, bloqueando o fluxo, e se esconderam atrás de guarda-chuvas.

Em seguida, quebraram postes de iluminação e arrancaram tijolos e outros detritos das ruas e fachadas das lojas, sempre protegidos pelas sombrinhas, um dos símbolos dos protestos.

Diversos ativistas miravam com lasers a polícia, gritando "o povo de Hong Kong resiste", enquanto outros construíam barricadas na rua com caixotes de lixo, assentos de plástico e outros detritos, uma tática que se tornou familiar nestes cinco meses em que os protestos se tornaram violentos.

Alguns usavam máscaras de Guy Fawkes —o soldado católico que tentou explodir o Parlamento da Inglaterra na Conspiração da Pólvora— e outros de palhaço. Houve também quem estivesse fantasiado de Coringa.

Em paralelo, indicadores confirmaram nesta quinta que o território chinês entrou em recessão pela primeira vez na última década. A economia de Hong Kong recuou 3,2% no terceiro trimestre, segunda queda seguida depois de um decréscimo de 0,4% entre abril e junho.

Em comparação com o mesmo trimestre de 2018, o PIB local recuou 2,9%, maior queda registrada nos últimos dez anos. 

Hong Kong está oprimida por protestos antigovernamentais cada vez mais violentos e por uma prolongada guerra comercial dos EUA com a China.

Pressionada sobre os planos do governo para aliviar o impacto sobre as empresas em Hong Kong dos protestos, a líder arrie Lam disse em uma conferência que as circunstâncias justificam medidas "excepcionais".

"Se ainda agirmos da mesma maneira convencional, como se os negócios fossem normais e a vida fosse normal, não seríamos muito responsáveis."

Seu governo prometeu cerca de US$ 2,68 bilhões em ajuda financeira para as empresas desde agosto, de aluguel a subsídios de combustível.

Os manifestantes se reuniram no Victoria Park, no distrito comercial de Causeway Bay, com o objetivo de se dirigir às ruas estreitas e montanhosas do distrito de bares Lan Kwai Fong, onde o Dia das Bruxas era comemorado.

"Queremos beber. Você não pode deixar as pessoas se divertirem ao menos uma vez?", gritaram ironicamente para a polícia.

Um folião com máscara de palhaço e roupa vermelha, que deu o nome de Gordon, 43 anos, disse: “Espero que não haja polícia nem guerra hoje à noite. Todo mundo está feliz”, enquanto ele se afastava gritando “liberte Hong Kong ”.

A polícia proibiu a marcha e disse que fecharia as estradas, incluindo a curta rua Lan Kwai Fong, até a manhã de sexta-feira (1). para "facilitar a celebração do público". Não ficou claro como eles distinguiriam os festeiros e os manifestantes.

Preocupadas, as forças de segurança destacaram 3.000 policiais e três canhões de água para vigiarem os arredores dos prédios governamentais, alvos frequentes dos manifestantes.

Os manifestantes estão furiosos com o que consideram a crescente interferência de Pequim em Hong Kong, que retornou do domínio britânico para o chinês em 1997 sob a fórmula de "um país, dois sistemas".

O esquema garante liberdades aos moradores do território não permitidas aos habitantes da China continental.

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