Polícia e manifestantes entram em confronto durante ato separatista em Barcelona

Protesto com 350 mil pessoas, segundo autoridades, pede liberdade de líderes do movimento

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Barcelona | AFP

Milhares de catalães voltaram às ruas neste sábado (26), em Barcelona, uma semana após os violentos confrontos que se seguiram à condenação de líderes a favor da independência da Catalunha.

Aos gritos de "liberdade", "independência" e "liberdade aos presos políticos", 350 mil pessoas, segundo a polícia, reuniram-se perto do Parlamento da Catalunha. O ato foi convocado pelas associações Assembleia Nacional da Catalunha (ANC) e Omnium Cultural, que organizam regularmente protestos em massa.

"Estou aqui para pedir liberdade aos presos políticos e exigir justiça", afirmou a vendedora Elena Cañigueral, 53, que usava uma bandeira da independência e uma camisa amarela, cor que identifica o movimento.

Elisenda Paluzie, presidente da ANC, pediu em um discurso uma "resposta política". 

Um helicóptero da polícia que sobrevoava a área foi vaiado pela multidão que carregava bandeiras catalãs e faixas com mensagens como "República Catalã" e "anistia".

Essas são as primeiras grandes manifestações em Barcelona desde os atos que deixaram cerca de 600 feridos na Catalunha, nos dias seguintes à condenação de nove líderes separatistas a penas de até 13 anos de prisão.

No fim da tarde, milhares de manifestantes mais radicais, convocados pelos Comitês de Defesa da República (CDR), manifestaram-se perto da sede da Polícia Nacional na capital catalã contra a "repressão policial". 

Os manifestantes, que gritavam "fora, forças de ocupação" e "fora, bandeira espanhola", atiraram latas, bolinhas de plástico e garrafas na polícia de choque nas ruas ao redor.

Os agentes, que num primeiro momento se mostraram passivos, responderam com golpes, desobstruíram as vias e prenderam várias pessoas. Apesar da tensão, os choques foram muito menores que os da semana passada.

Neste domingo (27), será a vez dos anti-independência desfilar pelo passeio de Gràcia, ponto turístico da cidade, em resposta à convocação da Sociedade Civil Catalã, que organizou grandes protestos após a tentativa de separação em outubro de 2017.

Em 14 de outubro, cerca de 10 mil pessoas tentaram paralisar o aeroporto de Barcelona, entrando em choque com a polícia.

Depois, de terça a sexta-feira, manifestações nas principais cidades desta região, de 7,5 milhões de habitantes, acabaram em violência. 

Ativistas ergueram barricadas e lançaram pedras, bolas de aço e coquetéis molotov contra a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo e balas de borracha, cenas que destoam do caráter pacífico que defende o movimento separatista.

Muitos jovens justificaram a violência pela falta de resultados das grandes marchas pacíficas.

Um total de 367 civis ficaram feridos e quatro deles perderam um olho, segundo a Secretaria de Saúde do governo regional catalão, enquanto 289 policiais ficaram feridos, segundo a porta-voz do governo espanhol. 

A tensão diminuiu e na sexta-feira à noite alguns milhares de estudantes se manifestaram calmamente em Barcelona contra a "repressão policial".

A marcha anti-independência de domingo pretende "dizer 'basta' à violência e ao confronto" buscado pelo governo separatista regional, disse à AFP o presidente da associação Sociedade Civil Catalã, Fernando Sánchez Costa.

Membros do governo socialista da Espanha, incluindo o ministro das Relações Exteriores, o catalão Josep Borrell, que será chefe da diplomacia europeia, participarão da marcha.

Também marcarão presença políticos de direita da oposição, que pedem ao governo medidas excepcionais contra a violência na Catalunha, antes das eleições legislativas de 10 de novembro.

"Acredito que o governo está fazendo o que precisa", respondeu na sexta-feira o chefe do Executivo, o premiê interino Pedro Sánchez. "Existem grupos violentos que procuram fazer desta crise uma crise permanente. Eles receberão uma resposta serena, mas firme".

No poder desde junho de 2018, em parte graças aos votos dos separatistas catalães, Sánchez iniciou uma negociação que rapidamente foi interrompida.

Ele agora é ignorado pelo presidente da região catalã, o separatista Quim Torra, que pede um "diálogo incondicional", uma maneira de exigir que o governo aceite a organização de um referendo de autodeterminação.

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