Presidente iraquiano propõe antecipar eleições em meio a protestos

Atos ocorrem desde início do mês e já deixaram 250 mortos

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Bagdá | AFP

O presidente Barham Saleh propôs, nesta quinta-feira (31), antecipar as eleições no Iraque, embora os manifestantes anti-governo peçam a queda de todo o regime após protestos que deixaram mais de 250 mortos.

Saleh, que tem se reunido com líderes partidários há dias, afirmou que o primeiro-ministro, Adel Abdel Mahdi, "concordou em renunciar" desde que os blocos no Parlamento se entendam sobre um substituto.

Manifestantes iraquianos protestam na ponte al-Jumhuriya, em Bagdá
Manifestantes iraquianos protestam na ponte al-Jumhuriya, em Bagdá - Ahmad Al-Rubaye - 31.out.2019/AFP

Qualquer que seja o futuro de Abdel Mahdi, "quero assegurar que, na condição de presidente da República, aprovo a realização de eleições antecipadas no âmbito de uma nova lei eleitoral", declarou Saleh em discurso. A lei será submetida ao Parlamento na próxima semana, segundo ele.

Enquanto as negociações políticas continuam, as concentrações no sul do país e na Praça Tahrir de Bagdá têm crescido nos últimos dias. 

Os manifestantes, mobilizados desde 1º de outubro, com uma interrupção de três semanas para uma peregrinação xiita, dizem que não voltarão para suas casas até que "todo o regime tenha sido derrubado". 

"A demissão de Abdel Mahdi seria apenas parte da solução. O problema que temos é com os partidos no poder", declarou Haydar Kazem, 49, que participava de um ato em Bagdá.

Em um dos países mais corruptos do mundo, onde os cargos são distribuídos de acordo com confissões religiosas e etnias, o sistema político criado após a queda de Saddam Hussein em 2003 deve ser completamente redesenhado, defendem os manifestantes. 

O Parlamento, onde o governo tem maioria, está dividido. De um lado, o líder xiita Moqtada Sadr, geralmente inclinado a posições populistas, se juntou aos protestos.

Do outro, Hadi al Ameri, chefe dos apoiadores paramilitares iranianos, alinhou-se com Teerã, que acredita que o vazio político deixado pela saída do premiê levará ao caos. 

No entanto, a renúncia ou demissão de Abdel Mahdi, um político independente sem partido ou base popular, depende da aprovação do parlamento.

Desde segunda-feira (28), o Parlamento se reúne diariamente. O chefe do governo foi convocado, mas até o momento não compareceu às sessões. 

Nesta quinta, Saleh recebeu representantes dos principais partidos, disse uma fonte de seu gabinete à AFP, para discutir o futuro de Mahdi.

"Estamos cansados da situação dos últimos 16 anos", diz Salwa Mazher, na Praça Tahrir, em Bagdá. "Tudo vai de mal a pior, então é preciso arrancar o mal pela raiz", acrescenta.

Nesta quinta, os alunos saíram às ruas para se manifestar, e a maioria dos professores aderiu a uma greve geral.

Em Basra, a cidade petrolífera do extremo sul, os manifestantes bloquearam a estrada que leva ao porto de Umm Qasr, o que suscita preocupações sobre importações, principalmente de alimentos, segundo as autoridades.

A primeira semana de protestos, de 1º a 6 de outubro, registrou oficialmente a morte de 157 pessoas. 

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