Na noite desta terça-feira (1º), em uma rede social, o presidente dos EUA, Donald Trump, chamou de "golpe" o processo de impeachment que pode tirá-lo do poder.
"A cada dia que fico sabendo mais, chego à conclusão de que o que está ocorrendo não é um impeachment, é um GOLPE com a intenção de tirar do povo o poder, seus votos, suas liberdades, a Segunda Emenda, a religião, as Forças Armadas, o muro na fronteira e os direitos dados por Deus como cidadão dos Estados Unidos da América!", escreveu o republicano.
Trump enfrenta um inquérito de impeachment desde o dia 24 de setembro, quando a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, anunciou a abertura do processo.
De lá para cá, o presidente tenta minimizar a apuração, chamando-a de "caça às bruxas" e uma estratégia dos democratas para tirá-lo do cargo a um ano das eleições presidenciais de 2020.
O episódio que motivou o inquérito foi uma denúncia anônima que relatou a pressão feita por Trump ao presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, para investigar o democrata Joe Biden —possível rival nas eleições de 2020—, o que configuraria um pedido de interferência externa no pleito do ano que vem.
Além disso, o registro do telefonema foi tratado de maneira incomum: em vez de ser armazenado no sistema principal de computadores do Conselho de Segurança Nacional, foi guardado em uma parte restrita do órgão e mantida por funcionários da inteligência da Casa Branca.
Assim, o sistema secreto foi usado para “proteger informações politicamente sensíveis —em vez de sensíveis à segurança nacional”, segundo o delator.
Essa não teria sido a primeira vez que a Casa Branca utiliza esse expediente e armazena transcrições de telefonemas entre líderes de tal forma, o que daria combustível para acusações de obstrução de Justiça.
Segundo o cientista político Steven Levitsky, autor do livro “Como as Democracias Morrem”, a abertura do processo para avaliar o afastamento de Trump é um uso legítimo da lei do impeachment —e não a tentativa de um golpe.
Levitsky afirma que a legislação americana foi criada para atender a esse tipo de situação da qual o presidente é acusado.
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