A União Europeia (UE) e a Irlanda afirmaram nesta quinta-feira (3) que a nova proposta do primeiro-ministro Boris Johnson para o brexit dificilmente levará a um acordo.
Dublin também alertou o premiê de que serão necessárias mais concessões para evitar uma saída do bloco sem um pacto que regule as relações entre os dois lados —a data limite para a separação é 31 de outubro.
A fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte é o ponto mais sensível das negociações da ilha com a UE.
A Irlanda do Norte é parte do Reino Unido e deverá deixar a União Europeia (UE), enquanto a República da Irlanda continuará sendo membro do bloco regional.
O premiê britânico propôs criar um período de transição e um regime especial para a Irlanda do Norte, no qual não haveria controle de circulação dentro das Irlandas, mas sim um controle do trânsito de mercadorias entre a Irlanda do Norte e o Reino Unido.
Nesse período, seria mantida uma união aduaneira entre Reino Unido e UE.
A UE declarou que estava aberta ao diálogo, embora não concorde integralmente com o plano de Boris e apoie o posicionamento irlandês.
A 28 dias do prazo final para a separação, os dois lados buscam evitar parecer culpados por uma saída sem acordo ou por mais um adiamento.
Boris insiste que gostaria de acertar um arranjo com a UE, mas é fortemente contrário a remarcar a data da saída. Segundo o governo britânico, sua proposta é a última oferta que será feita ao bloco.
A recepção morna em Bruxelas é um sintoma do descompasso entre os dois lados, que tentam finalizar o brexit desde o início deste ano.
O premiê irlandês, Leo Varadkar —uma peça chave para que um acordo seja fechado—, disse não ter compreendido como a proposta britânica funcionaria.
Ele também afirmou que seu país não poderia concordar com um tratado que não garantisse uma fronteira aberta entre Irlanda e Reino Unido.
O ministro de Relações Exteriores do país, Simon Coveney, foi além e afirmou que, caso essa fosse a proposta final de Londres, o brexit aconteceria sem acordo.
"Minha avaliação é que Boris Johnson realmente quer um acordo e que o documento que foi publicado ontem [quarta, 2] foi um esforço para nos colocar na direção de uma saída com um arranjo. Porém [...] se essa for a proposta final, não haverá acordo", disse ele ao Parlamento irlandês.
"A proposta não será alterada", disse Arlene Foste, líder do Partido Democrático Unionista, sigla que representa a Irlanda do Norte no Parlamento britânico.
"Nós certamente estamos caminhando para uma saída sem acordo, apesar de nosso primeiro-ministro ter apresentado um plano razoável à União Europeia", disse.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.