Alvo de debates, imigrantes irregulares são menos de 1% da população da Europa

Número estimado é de 3,9 a 4,8 milhões, mostra o 1º levantamento do tipo em uma década

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São Paulo

A Europa tem entre 3,9 e 4,8 milhões de imigrantes em situação irregular, revela o primeiro estudo a estimar esse dado em uma década.

O levantamento, divulgado nesta quarta-feira (13), é do Pew Research Center, centro de pesquisa baseado nos EUA.

Foram analisadas informações de 2014 a 2017 nos 28 países da União Europeia e em mais quatro da Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA): Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça.

Imigrantes na fronteira da Grécia com a Macedônia
Imigrantes na fronteira da Grécia com a Macedônia - Ognen Teofilovski-20.ago.15/Reuters

O número principal, que diz respeito a 2017, é maior que o de 2014 (entre 3 e 3,7 milhões) e menor que o de 2016 (de 4,1 a 5,3 milhões), e corresponde a menos de 1% da população total desse grupo de países, que é de mais de 500 milhões.

O estudo mostra também que há quatro vezes mais imigrantes regulares do que irregulares na Europa.

Na análise por país, a proporção de imigrantes sem documentos em relação à população é maior na Áustria, no Chipre, em Malta, na Eslovênia e no Reino Unido: 2%.

Em outros cinco países, corresponde a 1%. Nos outros 22 do grupo, fica na média de menos de 1%.

“A estimativa vem em um momento em que a opinião pública na Europa expressa sentimentos conflitantes sobre o lugar dos imigrantes em suas sociedades”, afirma o relatório.

Uma pesquisa de 2018 do próprio Pew, feita em vários países europeus, revelou que a maioria da população apoia a deportação de imigrantes vivendo ilegalmente em seu país, mas acha que refugiados que fogem de guerras e violência devem ser aceitos.

A pesquisa leva em conta as pessoas que entraram na Europa sem visto nenhum, as que ficaram mais tempo do que o permitido pelo documento e também as que pediram refúgio e aguardam, com uma autorização temporária, uma resposta definitiva sobre sua situação —que, caso positiva, os tiraria da irregularidade.

Foi esse último grupo o responsável pelo aumento detectado entre 2014 e 2016, dizem os pesquisadores. Sem levar em conta esses estrangeiros com autorização temporária, que correspondem a um quarto da amostra, a estimativa total de irregulares na Europa baixa para 2,9 a 3,8 milhões.

Para chegar a esses números, os pesquisadores usaram quatro métodos diferentes. O principal, adotado há vários anos nos EUA, é a subtração do número de imigrantes legalizados do total de não cidadãos da UE e da EFTA.

Também foram feitos cálculos demográficos com base na última estimativa confiável disponível (de 2008) e no número de imigrantes sem documentos que se regularizaram nos últimos anos.

De acordo com a pesquisa, metade dos imigrantes irregulares na Europa está na Alemanha e no Reino Unido. Em seguida vêm Itália e França e, juntos, os quatro países concentram mais de dois terços desses estrangeiros (70%).

O perfil desses imigrantes varia de país para país. Enquanto na Alemanha a maioria é do sexo masculino (60%) e chegou há menos de cinco anos (66%), na Inglaterra a divisão de gênero é mais equilibrada (48% de homens e 52% de mulheres), e a predominância é de pessoas que vivem no país há mais tempo —57% chegaram há mais de cinco anos; mais de um terço (36%) estão lá há mais de dez anos.

A origem desses estrangeiros também varia. No Reino Unido, 52% vieram da Ásia e do Pacífico. Na Alemanha, 32% são da própria Europa e 30%, do Oriente Médio ou do Norte da África.

Levando em conta todos os países, a região de origem mais comum é a África e Pacífico (30%), seguida por países europeus de fora da UE e da EFTA (23%).

O Pew Research Center, que realiza há anos estudos semelhantes nos Estados Unidos, fez uma comparação entre as duas regiões —que estão entre os destinos preferidos de imigrantes do mundo todo.

A conclusão é que os EUA têm mais do que o dobro de imigrantes irregulares do que a Europa (entre 10,3 e 10,7 milhões em 2017), a maioria pessoas vindas da América Latina, particularmente do México, que entraram no país há mais de uma década.

Lá, eles são proporcionalmente uma parte maior da população: 3% dos 325 milhões de habitantes do país.

Porém, enquanto na Europa essa população cresceu nos últimos anos —principalmente por causa dos solicitantes de refúgio vindos de países como a Síria em guerra em 2015—, nos EUA o número vem se reduzindo.

É a primeira estimativa do centro sobre o tema e a primeira que é feita do número de imigrantes irregulares na Europa desde 2008, quando um projeto financiado pela União Europeia estimou o número entre 1,9 milhão e 3,8 milhões, sem incluir os solicitantes de refúgio com casos pendentes.

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