Para comemorar renúncia de Evo, Bolsonaro volta a usar 'grande dia' e sinal de joinha

Apesar de mensagem em rede social, presidente reagiu com cautela à saída do boliviano

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro ironizou na noite deste domingo (10) a renúncia do presidente da Bolívia, Evo Morales, e voltou a usar a expressão "grande dia", seguida de um sinal de joinha, em mensagem nas redes sociais.

Bolsonaro repetiu a mensagem que vem adotando para comemorar conquistas de seu governo e contratempos da oposição.

A primeira vez em que recorreu ao termo foi quando o ex-deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) anunciou a saída do país após receber ameaças, em janeiro.

O titular do Planalto também lançou mão da combinação no dia em que a reforma da Previdência foi aprovada em segundo turno no Senado.

Na postagem sobre a situação na Bolívia, o presidente publicou uma foto do dia de sua posse no Palácio do Planalto, vestindo a faixa presidencial, ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Evo deixou o cargo após pressão das Forças Armadas e dos protestos intensos nas grandes cidades do país sul-americano. Além dele, renunciaram o vice-presidente e os presidentes da Câmara e do Senado.

 

Evo, até então o líder sul-americano há mais tempo à frente de um país na região, faz parte do grupo de políticos de esquerda na América Latina combatido por Bolsonaro.

Apesar da mensagem pública, o presidente reagiu, em conversas reservadas, com cautela à saída do boliviano. O receio é de que mais uma instabilidade política na América do Sul, somada aos protestos violentos no Chile, possa estimular manifestações populares no Brasil.

bolsonaro acena
O presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de entrega de ônibus escolares para o estado de Goiás, na sexta (8) - Pedro Ladeira/Folhapress

​Além disso, uma preocupação do entorno do presidente é a de que uma crise interna possa afetar a relação comercial entre Brasil e Bolívia, sobretudo a que envolve o mercado de gás natural.

Evo fazia parte do grupo de políticos de esquerda na América Latina combatido por Bolsonaro. Mesmo assim, chegou a ser elogiado pelo presidente brasileiro no início do ano, quando Evo foi a Brasília para comparecer à posse. 

Mas o líder boliviano se tornou um aliado de fato após a prisão em Santa Cruz de la Sierra do italiano Cesare Battisti, cuja extradição era pedida pela Itália devido ao envolvimento dele na luta armada de extrema esquerda.

Preso no Brasil em 2007 e com status de refugiado desde então, Battisti tinha sua permanência no país defendida pelos governos petistas. Em 2017, portanto após o impeachment de Dilma Rousseff, porém, o italiano viu Michel Temer autorizar sua extradição, o que o fez fugir para a Bolívia.

Logo após o imbróglio eleitoral na Bolívia, Bolsonaro disse que não pretendia ter problema algum com Evo. “Ele está de bem comigo e não pretendo ter nenhum problema com ele. Eles querem, inclusive, ampliar a venda de gás para nós”, disse.

A relação começou a mudar durante a crise das queimadas na Amazônia, na qual Bolsonaro disse que era na Bolívia, e não no Brasil, onde ocorriam os maiores incêndios florestais.

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