Descrição de chapéu Diplomacia Brasileira

Com Xi, Bolsonaro prega diversificar relações com a China e agradece defesa da 'soberania da Amazônia'

Dirigente chinês veio a Brasília para participar da reunião de cúpula dos Brics

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (13) que o Brasil quer "diversificar as relações comerciais" com a China e agradeceu o governo chinês por ter defendido a "soberania da Amazônia" brasileira.

"É um gesto de grandeza que nos fortaleceu e muito. Sempre agradeceremos por essa oportunidade", declarou Bolsonaro, ao lado do dirigente chinês Xi Jinping.

Xi está no Brasil para a cúpula dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O líder chinês participou na manhã desta quarta de uma reunião bilateral com Bolsonaro no Palácio do Itamaraty.

O dirigente chinês Xi Jinping ao lado do presidente Jair Bolsonaro, em Brasília - Adriano Machado/Reuters

"Os acordos assinados, bem como os protocolos de intenção, serão potencializados por nós para o bem dos nossos povos", acrescentou o presidente brasileiro.

"A China cada vez mais faz parte do futuro do Brasil. O nosso governo vai cada vez mais tratar com o devido carinho, respeito e consideração esse gesto do governo chinês", concluiu.

Ao agradecer o governo chinês, Bolsonaro se referiu à crise ambiental deflagrada com as queimadas na Amazônia.

Em agosto, o presidente da França, Emmanuel Macron, chegou a propor a discussão de um status internacional para a Amazônia, o que gerou acusações por parte de Bolsonaro de que o francês estaria querendo interferir na soberania nacional.

À época, o número dois da embaixada da China no Brasil, Qu Yuhui, afirmou ao jornal O Globo que a política ambiental do Brasil era uma das mais rigorosas do mundo e que a crise era fabricada.

Durante a reunião bilateral com Xi, que durou cerca de meia hora, Bolsonaro agradeceu ao líder chinês por ele ter “entendido o conceito de soberania brasileira” sobre a Amazônia, segundo relatos.

O chinês teria assentido e dito que a China se dispõe a cooperar em ações na Amazônia, respeitando a soberania brasileira.

No início do encontro, os dois trocaram gentilezas. O dirigente chinês teria dito que Bolsonaro deveria voltar a China, um país onde há muito mais para se conhecer. o presidente brasileiro passou dois dias na China no mês passado, em visita oficial.

Em resposta, Bolsonaro afirmou que queria voltar ao país e levar sua esposa, a primeira-dama Michelle. 

Durante o pronunciamento, ele também se referiu à promessa de Xi de importar produtos de maior valor agregado do Brasil. Essa é uma das maiores queixas do governo brasileiro, que quer diversificar as vendas para a China, hoje concentradas em commodities.

A China é o maior parceiro comercial do Brasil. De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou US$ 51,5 bilhões e importou US$ 30,077 bilhões da China.

Em seu pronunciamento nesta quarta, Xi afirmou que Brasil e China são os maiores mercados emergentes dos seus respectivos hemisférios e que as duas nações partilham interesses comuns.

Após a reunião entre os líderes, foram assinados atos oficiais de cooperação dos dois países.

Entre eles, há um tratado sobre a transferência de pessoas condenadas de um país ao outro; um memorando de entendimento entre autoridades de transporte; um protocolo sanitário para exportação de pera chinesa e melão brasileiro; um plano de ação na área de agricultura; memorandos de entendimento sobre medicina tradicional e de cooperação no setor de serviços; um ato de incentivo de investimentos, entre outros.

No âmbito das recentes conversas entre os dois governos, foram habilitados mais 13 estabelecimentos de proteína animal (aves, bovinos e suínos) para exportar para a China.

E foi autorizada a exportação de melão para o gigante asiático —é a primeira fruta brasileira autorizada a entrar no mercado chinês.

Para além da parceria comercial, a China foi também responsável por salvar o megaleilão do pré-sal de um fiasco ainda maior.

A Folha mostrou que, para evitar a ausência de interessados estrangeiros no leilão, Bolsonaro pediu a Xi que as petroleiras chinesas participassem do certame.

O pedido ocorreu durante a visita do presidente brasileiro à China, em outubro. Naquele momento, o Planalto já temia que não houvesse interesse estrangeiro pelos campos leiloados.

As petroleiras CNOOC e CNODC, controladas pelo governo chinês, entraram com participação de 5% cada uma no consórcio que arrematou o campo de Búzios.

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