A ex-embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia afirmou aos deputados que conduzem o inquérito de impeachment contra o presidente Donald Trump que se sentiu ameaçada por ele.
Marie Yovanovitch reagiu à revelação de que Trump, em telefonema ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que ela "passaria por algumas coisas".
A diplomata disse em seu depoimento aos congressistas, realizado a portas fechadas, que ainda teme retaliações do mandatário.
Este é um dos detalhes que vieram à tona nesta segunda-feira (4), quando a Câmara divulgou centenas de páginas do testemunho de Yovanovitch, que foi abruptamente removida da embaixada americana em Kiev em maio deste ano.
A transcrição do depoimento de Michael McKinley, um diplomata de alto escalão agora aposentado que assessorava o secretário de Estado, Mike Pompeo, também foi divulgada.
Os registros dão conta de várias tentativas feitas por McKinley —nenhuma bem-sucedida— de convencer Pompeo a emitir um comunicado defendendo Yovanovitch quando ela estava sendo criticada por membros do Partido Republico e pelo advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani.
Esse depoimento contradiz as declarações de Pompeo, que nega publicamente ter tomado conhecimento de qualquer preocupação do diplomata em relação a Yovanovitch.
Em uma entrevista à emissora ABC em outubro, o secretário de Estado afirmou que "do momento em que Yovanovitch deixou a Ucrânia até o dia em que McKinley me comunicou que se aposentaria, eu nunca ouvi ele dizer uma palavra sobre a decisão [de remover a embaixadora]".
As revelações desta segunda coincidem com uma série de negativas de testemunhas que foram intimadas a depor no inquérito de impeachment —entre elas, o advogado chefe da Segurança Nacional, John Eisenber, que desempenhou um papel importante na gestão da crise causada pelo telefonema entre Trump e Zelenski.
Eisenberg disse, por meio de seu advogado, que aguardará uma decisão de uma corte federal sobre a obrigatoriedade de os assessores mais próximos a Trump deporem perante a Câmara.
O processo de impeachment foi detonado após um informante anônimo denunciar um telefonema realizado em 25 de julho, no qual Trump pediu ao presidente ucraniano que investigasse os negócios de Hunter Biden no país.
Hunter é filho de Joe Biden, ex-vice presidente durante as gestões de Barack Obama e um dos candidatos democratas mais bem cotados para enfrentar Trump na eleição presidencial de 2020.
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