Uma enorme multidão foi às ruas do centro de Argel nesta sexta-feira (1º), exigindo uma nova "independência" da Argélia, 65 anos após o início da luta armada contra os colonizadores franceses, na data que celebra o surgimento do país.
A falta de contagem oficial e a topografia impossibilitam precisar o número de manifestantes, mas nesta 37ª sexta-feira consecutiva de manifestação, a mobilização é semelhante à observada no auge do Hikak, nome do movimento de protesto sem precedentes que a Argélia está vivenciando desde 22 de fevereiro.
Nos últimos dias, as redes sociais foram dominadas por frases como "Vamos invadir a capital", ou "Hirak 1º de novembro", para convocar os argelinos a seguirem até a cidade de Argel.
Em 1º de novembro de 1954, a recém-criada Frente de Libertação Nacional (FLN) iniciou a Revolução Argelina e a luta armada pela independência, com uma série de atentados simultâneos.
Este dia, a Festa da Revolução, é feriado na Argélia.
Na quinta-feira (31) à noite, os manifestantes começaram a se reunir no centro de Argel, mas foram dispersados pela polícia, que fez várias detenções, de acordo com a imprensa local.
Durante a madrugada, os acessos à capital registravam engarrafamentos consideráveis, atribuídos ao fluxo de manifestantes de diferentes províncias, mas também às muitas barreiras erguidas pela polícia.
Desde o início de abril, quando conseguiu a renúncia do presidente Abdelaziz Buteflika, o Hirak exige o desmantelamento do "sistema" que está no poder desde 1962.
O movimento rejeita as eleições presidenciais planejadas para 12 de dezembro para escolher um sucessor de Buteflika, alegando que o processo é uma tentativa de regenerar o "sistema".
Os manifestantes exigem a saída do governo de dirigentes próximos a Buteflika, gritando palavras de ordem como "Ou nós ou vocês, não vamos parar", "Estado Civil, não militar" e "A desobediência civil está a caminho".
Também querem a renúncia de Karim Yines, o coordenador da Instância Nacional de Diálogo e Mediação, formada pelo presidente interino para realizar consultas sobre as modalidades das futuras eleições presidenciais.
As autoridades tentam minimizar o alcance do protesto. Na quarta-feira (30), o general Ahmed Gaïd Salah, comandante do Estado-Maior do Exército e que está no comando do país desde a renúncia de Buteflika, disse que a eleição presidencial tem a adesão total dos cidadãos. Uma declaração contestada pelos protestos.
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