Opositor que liderou protestos contra Evo anuncia candidatura à Presidência da Bolívia

Camacho exigiu renúncia do então presidente após denúncia de fraude na eleição

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La Paz | AFP

O direitista Luis Fernando Camacho, uma das principais lideranças a pressionar pela renúncia do ex-presidente da Bolívia Evo Morales, anunciou formalmente sua intenção de concorrer à Presidência nas próximas eleições, ainda sem data marcada.

Em uma carta aberta, ele ofereceu dois motivos para a decisão: "Quero que Evo Morales, [o ex-vice-residente] Álvaro García Linera e sua cúpula de capangas não voltem a governar nunca mais" e que "o povo deixe de ser excluído das decisões públicas". 

Luis Fernando Camacho, líder da oposição a Evo Morales, em manifestação após a renúncia do agora ex-presidente da Bolívia
Luis Fernando Camacho, líder da oposição a Evo Morales, em manifestação após a renúncia do agora ex-presidente da Bolívia - Aizar Raldes - 10.nov.2019/AFP

Camacho, um líder civil da província de Santa Cruz, reduto anti-Evo e região mais próspera do país, tinha negado em várias ocasiões sua intenção de candidatar-se. Confessou, porém, que não fazê-lo neste momento comprometeria o apoio popular à sua causa de garantir o afastamento do ex-presidente. 

Não se sabe por qual partido Camacho disputará as eleições —a legislação eleitoral boliviana exige que os candidatos sejam afiliados a uma coalizão ou partido para apresentarem suas candidaturas. 

Após a anulação por fraude das eleições de 20 de outubro, o governo interino autoproclamado da Bolívia convocou um novo pleito, cuja data deve ser confirmada após a definição dos novos membros do Tribunal Eleitoral.

Há a possibilidade de Camacho se aliar a outro líder civil, Marco Pumari, da cidade de Potosí (sul do país), que também ganhou notoriedade durante a convulsão social que tomou conta do país após as eleições de outubro que culminaram na renúncia de Evo. 

Dono de um discurso agressivo e de forte apelo religioso, Camacho encabeçou os protestos, exigindo principalmente um segundo turno entre os principais candidatos (Evo e o oposicionista Carlos Mesa).

Sua posição se radicalizou e, no auge dos protestos, ele passou a exigir a renúncia do líder indígena. 

Camacho viajou até a capital, La Paz, com o objetivo de entregar a Evo uma carta que exigia que ele deixasse o cargo, mas apoiadores do então presidente o impediram de sair do aeroporto.

Dias depois, ele realizou uma segunda tentativa, desta vez com o apoio da polícia

Durante o tempo em que esteve na cidade, Camacho selou importantes alianças políticas que fortaleceram suas demandas e liderança.

Entre os que anunciaram intenção de concorrer às novas eleições estão Mesa e o pastor evangélico de origem coreana Chi Hyung Chung —ambos participaram do pleito anulado. 

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