Presidente iraniano reivindica vitória sobre protestos contra alta da gasolina

Mais de cem foram mortos em 21 cidades em manifestações, de acordo com Anistia Internacional

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Dubai | Reuters

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, reivindicou nesta quarta (20) vitória sobre os distúrbios que atingiram o país na última semana, atribuídos por ele a inimigos estrangeiros.

Protestos gerados pelo aumento no preço do combustível em cerca de 50% deixaram mais de cem mortos em 21 cidades desde sexta (15), segundo a Anistia Internacional.

O Irã culpou "bandidos" ligados a exilados e aos Estados Unidos, à Israel e à Arábia Saudita pelas manifestações.

"O povo iraniano foi bem-sucedido novamente em um teste histórico e mostrou que não permitirá que os inimigos se beneficiem da situação, mesmo que eles possam ter queixas sobre a administração do país", disse Rouhani em comentários divulgados pela emissora estatal IRIB em seu site.

Apoiadores do governo iraniano fazem manifestação em Arak
Apoiadores do governo iraniano fazem manifestação em Arak - AFP

Segundo o governo, o aumento do preço da gasolina pretendia arrecadar cerca de US$ 2,5 bilhões por ano para custear subsídios extras a 18 milhões de famílias com baixa renda.

Milhares de iranianos participaram de comícios pró-governo em várias cidades nesta quarta, informou a mídia estatal, que mostrou em seu canal de televisão manifestações em Rasht, Gorgan, Ardabil, Hamadan e Shahryar.

"As manifestações espontâneas [pró-governo] que você vê são o maior sinal do poder do povo iraniano", acrescentou Rouhani.

A mídia estatal exibiu fotos de Ali Shamkhani, secretário do principal órgão de segurança do Irã, marchando em Shahryar atrás de uma faixa que dizia "morte à América e decepção de Israel!"

Nesta quarta, o porta-voz do país nas Nações Unidas, Alireza Miryousefi, afirmou que o número de mortos era "especulativo, não confiável", a menos que fosse confirmado por Teerã. Ele culpou a mídia estrangeira por supostamente inventar a quantidade de óbitos.

O porta-voz do governo, Ali Rabiei, disse que um plano frustrado para bombardear as principais instalações de produção de gás do Irã em Assalouyeh, no Golfo, era culpa dos manifestantes.

O Irã restringiu o acesso à internet, tornando quase impossível para os ativistas publicarem vídeos dos protestos nas mídias sociais. Cerca de mil manifestantes foram presos, de acordo com autoridades do Irã.

Os atos ocorrem em um cenário de crise, agravada pela retirada unilateral dos EUA em 2018 do acordo sobre o programa nuclear iraniano. Como consequência, Washington retomou a imposição de sanções econômicas, que afetam gravemente o país.

O Irã é um dos maiores produtores de petróleo do mundo, mas possui capacidade de refinamento limitada.

As restrições americanas dificultam a manutenção das usinas de refinamento, estrangulando a oferta de combustíveis no mercado interno. 

Os preços de produtos básicos, como pão e arroz, subiram fortemente nos últimos meses, alimentando a insatisfação dos iranianos.

A moeda local, o rial, registrou forte desvalorização. A inflação supera 40%, e o FMI prevê para este ano uma queda de 9,5% do PIB iraniano.

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